
A inflação dos alimentos e as crises políticas têm enfraquecido o apoio do presidente, especialmente na região que lhe garantiu a vitória em 2022
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A queda de popularidade de Lula no Nordeste tem gerado um grande desconforto entre seus aliados na região, preocupados com o impacto desse cenário nas eleições de 2026. Dados da pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada em 14 de fevereiro, apontam uma diminuição alarmante na aprovação do presidente, que caiu de 35% para 24% nos últimos dois meses, marcando o pior índice de seus três mandatos.
O recuo na avaliação de Lula é ainda mais expressivo no Nordeste, onde o petista sempre teve uma base eleitoral sólida. A região, que representa um quarto dos eleitores do país, viu sua avaliação positiva do presidente cair de 49% para 33%, a maior queda regional. Esse declínio é atribuído a uma combinação de fatores, entre eles a alta da inflação dos alimentos, que afeta diretamente a população mais pobre e tem sido um dos principais pontos de desgaste na imagem do petista.
A deterioração da aprovação no Nordeste, essencial para a vitória de Lula em 2022, coloca em xeque sua capacidade de transferir votos para aliados na região. A falta de apoio entre eleitores com renda de até dois salários mínimos é particularmente alarmante, com a aprovação caindo de 45% para 29%, o que preocupa os governadores que foram eleitos com o apoio do presidente.
Governadores do Nordeste, que tradicionalmente têm se alinhado com Lula, já começaram a cobrar mudanças na condução do governo. Em busca de uma reviravolta, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), sugeriu a necessidade de uma “mexida grande” na equipe e no andamento das políticas públicas. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), destacou que Lula deveria aumentar sua presença na região para reconquistar o apoio popular, e o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), enfatizou a importância de melhorar a comunicação com a população.
Essas preocupações mostram a tensão entre o governo federal e os governadores nordestinos, que precisam garantir que as obras e programas do governo federal cheguem aos estados, mas agora enfrentam dificuldades em virtude da crise política e da perda de popularidade do presidente. A recente intervenção do Supremo Tribunal Federal (STF) nas emendas parlamentares, que gerou insatisfação entre prefeitos e parlamentares, tornou a relação mais delicada, dificultando ainda mais a articulação política necessária para consolidar o apoio à gestão petista.
Em uma análise mais crítica, o senador Angelo Coronel (PSD-BA) afirmou: “O povo cobra as ações do prefeito. Quando ele não tem recursos, ele vai procurar um culpado para os problemas da saúde, das estradas vicinais, e a culpa recai sobre o presidente.” Essa fala reflete a pressão crescente que os governadores e prefeitos sentem ao tentar justificar a falta de resultados para suas bases eleitorais.
O enfraquecimento de Lula no Nordeste coloca em risco um dos pilares da sua base política, e a questão da popularidade se torna cada vez mais um desafio central para a continuidade da sua agenda, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando.
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