
Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobrem o segredo por trás do movimento das pedras, que há décadas intrigava cientistas e turistas.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Por mais de 50 anos, cientistas tentaram desvendar um fenômeno intrigante no Vale da Morte, na Califórnia: como pedras de até 320 quilos conseguiam se mover sozinhas pelo deserto, deixando rastros que chegavam a 460 metros de extensão?
Conhecidas como “rochas velejantes”, essas pedras se deslocavam misteriosamente sobre a superfície da Racetrack Playa, uma vasta planície seca cercada por montanhas. O fenômeno desafiava explicações lógicas e alimentava teorias que iam desde forças magnéticas até intervenção extraterrestre. Contudo, a resposta veio apenas em 2013, graças a uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Diego.
A descoberta
Para solucionar o enigma, os cientistas, liderados pelo paleobiólogo Richard Norris, instalaram sensores de GPS em 15 rochas da região, além de câmeras time-lapse e uma estação meteorológica. O objetivo era monitorar qualquer deslocamento e entender as condições climáticas associadas ao fenômeno.
A descoberta ocorreu entre dezembro de 2013 e janeiro de 2014, quando os pesquisadores finalmente capturaram imagens e dados que revelavam o mecanismo por trás do movimento das rochas. Eles constataram que, após chuvas, a temperatura noturna caía o suficiente para formar uma fina camada de gelo sobre a superfície da Racetrack Playa. Com o calor da manhã, esse gelo começava a derreter, formando uma película de água sob a lama úmida. Nesse momento, rajadas de vento eram capazes de empurrar as pedras suavemente, fazendo com que deslizassem pelo solo e deixassem os rastros característicos.
O processo era sutil e podia durar de poucos segundos a até 16 minutos, dependendo da força dos ventos e das condições do gelo. Embora imperceptível para a maioria dos turistas, as câmeras dos pesquisadores conseguiram registrar as rochas em movimento pela primeira vez.
Impactos da descoberta
A resolução do mistério trouxe tanto admiração quanto preocupação. Com as mudanças climáticas afetando padrões de temperatura e precipitação na região, a frequência do fenômeno tem diminuído. O aumento das temperaturas e a redução das noites geladas ameaçam a continuidade desse espetáculo natural.
A Racetrack Playa, uma planície com 4,5 quilômetros de comprimento e 2 quilômetros de largura, foi formada há cerca de 10 mil anos, no final da última Era Glacial. Hoje, o local segue aberto à visitação, mas exige acesso por estradas remotas e orientações do National Park Service.
Mesmo com o mistério solucionado, a fascinação pelas “rochas velejantes” permanece. Agora, a preocupação não é mais entender como elas se movem, mas garantir que esse fenômeno continue existindo para futuras gerações testemunharem.
LEIA TAMBÉM:
https://gnewsusa.com/2025/03/justica-dos-eua-condena-dois-homens-por-trafico-de-fentanil/
Faça um comentário