Relatório da ONA aponta problemas graves no atendimento médico, enquanto processos por erro médico aumentam 506%.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Um levantamento realizado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) revelou que, entre agosto de 2023 e julho de 2024, o Brasil registrou 295.355 falhas na assistência à saúde. Os dados foram obtidos a partir de informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de pesquisas realizadas pela própria ONA. O estudo aponta que os problemas mais graves incluem a administração incorreta de medicamentos e a realização de cirurgias em locais errados no corpo dos pacientes.
Além disso, um relatório do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) apontou um crescimento alarmante de 506% no número de processos judiciais por erro médico no último ano. Especialistas destacam que o aumento da sobrecarga de trabalho entre os profissionais da saúde tem contribuído para a ocorrência dessas falhas, elevando o risco para os pacientes e prejudicando a qualidade do atendimento.
Principais problemas relatados
Entre as falhas na assistência à saúde, os casos mais preocupantes incluem:
- Administração errada de medicamentos (dose ou substância equivocada);
- Cirurgias realizadas em partes erradas do corpo;
- Infecções hospitalares resultantes de falhas nos protocolos de higiene;
- Erros na identificação de pacientes, levando a procedimentos inadequados;
- Falhas na esterilização de instrumentos médicos.
A gerente de operações da ONA, Gilvane Lolato, enfatiza que, apesar dos números alarmantes, a maior notificação de falhas também indica uma maior transparência e um avanço na identificação dos problemas. “Estamos no caminho certo para reduzir essas ocorrências e garantir um sistema de saúde mais seguro”, afirmou.
Crescimento dos processos por erro médico
O aumento expressivo de ações judiciais por erro médico levanta um alerta sobre a responsabilidade dos profissionais e instituições de saúde. Segundo o CNJ, muitas dessas falhas não são necessariamente culpa exclusiva dos médicos, mas refletem falhas sistêmicas na gestão hospitalar e na aplicação dos protocolos de segurança.
O especialista em segurança do paciente, Salvador Gullo, explica que o ambiente hospitalar, muitas vezes, não oferece condições adequadas para que os profissionais desempenhem suas funções sem riscos de erro. “O estresse, a sobrecarga e a falta de estrutura adequada impactam diretamente na segurança do paciente”, pontua.
Soluções e medidas preventivas
Diante desse cenário preocupante, a ONA destaca a importância da acreditação hospitalar como um mecanismo para garantir a aplicação dos melhores protocolos de segurança. Atualmente, das mais de 380 mil instituições de saúde registradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), apenas 1.932 possuem certificação, o que representa menos de 0,5% do total.
A acreditação exige que hospitais e clínicas adotem medidas rigorosas de controle de qualidade e segurança, como:
- Monitoramento contínuo de procedimentos médicos;
- Capacitação e atualização profissional constante;
- Aplicação de protocolos padronizados para reduzir falhas operacionais;
- Melhoria na comunicação entre equipes médicas para evitar equívocos no atendimento.
A ONA reforça que a obtenção da acreditação é um processo desafiador, mas essencial para garantir maior segurança tanto para pacientes quanto para profissionais da saúde.
O alto número de falhas na assistência médica e o crescimento exponencial de processos por erro médico demonstram a urgência de melhorias na gestão da saúde no Brasil. Especialistas defendem que a adoção de medidas preventivas e o fortalecimento dos protocolos de segurança são fundamentais para reduzir as ocorrências e garantir um atendimento de qualidade. A transparência na notificação desses casos também é um passo importante para a construção de um sistema de saúde mais seguro e eficiente no país.
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