
Desmatamento e degradação ambiental aumentam o contato entre humanos e animais transmissores de vírus.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A crescente perda de biodiversidade no planeta está diretamente associada ao aumento de surtos de doenças infecciosas, segundo um estudo publicado na renomada revista Nature. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, analisou quase 3 mil observações científicas e revelou que a destruição dos ecossistemas eleva em até 900% as chances do surgimento de novas doenças, superando fatores como mudanças climáticas e poluição química.
Fatores que impulsionam as doenças
O estudo identificou cinco fatores principais que impulsionam as doenças infecciosas:
- Perda de biodiversidade – O principal fator de risco, associado ao desaparecimento de espécies e ao aumento da presença de animais que carregam patógenos perigosos.
- Mudanças climáticas – Alterações nas temperaturas e padrões de chuva influenciam a distribuição de vetores de doenças, como mosquitos transmissores da dengue, malária e zika.
- Poluição química – Produtos químicos presentes no ambiente afetam organismos e favorecem a disseminação de agentes infecciosos.
- Espécies invasoras – A introdução de espécies não nativas pode desestabilizar ecossistemas e permitir a propagação de novas enfermidades.
- Perda de habitat – A urbanização força o deslocamento de animais silvestres para áreas povoadas, aumentando o contato com humanos.
O papel dos animais na disseminação de vírus
Os cientistas explicam que a perda de biodiversidade favorece a proliferação de espécies hospedeiras de vírus, como morcegos e roedores. Em ambientes equilibrados, predadores naturais ajudam a controlar as populações desses animais, reduzindo o risco de transmissão de doenças. No entanto, com o desmatamento e a degradação ambiental, esses predadores desaparecem, permitindo que os hospedeiros de vírus se multipliquem e se aproximem de áreas urbanizadas.
Além disso, a fragmentação dos ecossistemas obriga animais a buscar novos territórios e fontes de alimento, aumentando as chances de contato entre espécies e favorecendo a adaptação e disseminação de patógenos. Casos como o do vírus Nipah, que surgiu quando morcegos começaram a se alimentar de plantações próximas a áreas habitadas, e o próprio SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, ilustram esse fenômeno.
O que pode ser feito para evitar novas pandemias?
Os especialistas reforçam que medidas de conservação ambiental e restauração de ecossistemas são fundamentais para reduzir o risco de surtos de novas doenças infecciosas. Entre as soluções propostas estão:
- Proteção de áreas naturais para manter o equilíbrio ecológico.
- Redução do desmatamento e reflorestamento de áreas degradadas.
- Controle rigoroso da introdução de espécies invasoras.
- Monitoramento de zoonoses e criação de políticas públicas para minimizar o contato entre humanos e animais silvestres.
Os pesquisadores alertam que, se nenhuma ação for tomada, o mundo poderá enfrentar novas pandemias nos próximos anos, impulsionadas pela degradação ambiental e pelo avanço humano sobre os habitats naturais. Para evitar esse cenário, governos e sociedade precisam priorizar a preservação da biodiversidade e adotar medidas eficazes de controle e prevenção.
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