Novo estudo preliminar sugere que a origem da varíola pode ser associada a esquilos, em vez de macacos, como se pensava; entenda
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Durante os primeiros meses de 2023, pesquisadores identificaram um surto de mpox — também conhecida como varíola dos macacos — entre uma população de macacos mangabey na Costa do Marfim. Mais de 20 animais foram infectados, e quatro morreram. Contudo, um novo estudo sugere que a doença pode não ter se originado nos primatas, como se acreditava há décadas. Os reais transmissores podem ser os esquilos.
Desde 2001, especialistas do Instituto Helmholtz, na Alemanha, monitoram de perto a vida selvagem do Parque Nacional de Taï, onde vivem os mangabeys. Quando o surto começou, entre janeiro e abril do ano passado, eles aproveitaram a oportunidade para rastrear a origem do vírus. Usando amostras genéticas e registros audiovisuais, os cientistas descobriram uma correspondência exata entre o vírus presente nos macacos e um vírus encontrado em um roedor local: o esquilo-de-patas-de-fogo.
“É inacreditável como tudo se encaixa”, comentou Fabian Leendertz, veterinário e líder do estudo, em entrevista à revista Nature.
O elo com os roedores
Os pesquisadores investigaram centenas de carcaças de pequenos mamíferos como roedores e musaranhos em busca de sinais do vírus. Apenas um dos animais analisados — justamente um esquilo-de-patas-de-fogo — apresentou infecção por mpox. Esse esquilo havia morrido cerca de três meses antes do início do surto entre os macacos.
Imagens de vídeo mostraram que os macacos haviam se alimentado desses esquilos. Além disso, exames fecais da mãe do primeiro filhote contaminado revelaram a presença de DNA viral, indicando que ela provavelmente foi infectada ao ingerir um desses roedores e, sem apresentar sintomas, transmitiu o vírus ao filhote e, depois, a outros do grupo.
Para Yap Boum, biólogo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças da África, a exposição humana aos esquilos também pode explicar alguns surtos anteriores de mpox em pessoas.
Esquilos como hospedeiros silenciosos?
Os pesquisadores agora trabalham com a hipótese de que o esquilo-de-patas-de-fogo seja um “hospedeiro reservatório” — um animal que carrega e dissemina o vírus sem necessariamente adoecer, como ocorre com os morcegos em relação ao ebola e à raiva.
Ainda não se sabe com certeza se os esquilos são apenas suscetíveis ao vírus ou se realmente conseguem transmiti-lo de forma eficaz. “Eles podem ser reservatórios ou apenas mais uma espécie na cadeia de transmissão”, pondera Délia Doreen Djuicy, ecologista do Centro Pasteur de Camarões.
Mas Leandre Murhula Masirika, responsável por descobrir uma nova cepa de mpox em 2023, acredita firmemente na ligação: “Os esquilos-de-patas-de-fogo que testei sempre tinham anticorpos para mpox. E historicamente, os surtos mais sérios ocorreram em regiões onde esses esquilos são consumidos como alimento.”
A pesquisa, ainda em fase de pré-impressão na Nature Portfolio, pode reescrever o entendimento científico sobre a origem da mpox, colocando os esquilos no centro do debate sobre a transmissão dessa doença potencialmente letal.
LEIA TAMBÉM: ⬇️
https://gnewsusa.com/2025/04/china-reage-e-ameaca-punir-paises-que-fecharem-acordos-com-os-eua/
Faça um comentário