
Nova técnica não invasiva identifica células cancerígenas com base em seus padrões de deslocamento, prometendo transformar diagnósticos e estudos sobre cicatrização e regeneração de tecidos.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Um novo estudo da Universidade Metropolitana de Tóquio, no Japão, revelou que o comportamento de movimentação das células pode ser um indicativo confiável de sua condição — se são saudáveis ou cancerígenas. A técnica inovadora, que analisa trajetórias e padrões de migração celular, alcançou uma impressionante taxa de precisão de 94% na identificação de células malignas.
A pesquisa, publicada na revista científica PLOS ONE em março de 2025, focou na análise comparativa entre fibrossarcomas malignos (um tipo de câncer no tecido conjuntivo) e fibroblastos saudáveis, componentes fundamentais dos tecidos animais. Os cientistas observaram que células cancerígenas e saudáveis se movimentam de formas distintas e que essas diferenças podem ser detectadas com alta precisão.
A ciência por trás da descoberta
Tradicionalmente, o diagnóstico de câncer envolve a observação de aspectos estáticos das células — como forma, estrutura interna e localização de organelas —, muitas vezes com auxílio de corantes fluorescentes. Esses métodos, embora eficazes, podem alterar o comportamento das células e dificultar a obtenção de dados precisos.
A inovação dos cientistas japoneses está no uso da microscopia de contraste de fase, que permite observar as células vivas em um ambiente próximo ao natural, sem a necessidade de marcação química. Isso possibilitou à equipe rastrear, com mais fidelidade, os caminhos percorridos pelas células.
A análise considerou três fatores principais:
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A soma dos ângulos de curvatura dos trajetos;
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A frequência de curvas rasas (menos acentuadas);
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A velocidade de migração das células.
Com base nesses dados, foi possível prever com grande acurácia se uma célula apresentava características cancerígenas.
Aplicações além do diagnóstico
Além de oferecer uma nova ferramenta para o diagnóstico precoce do câncer, os cientistas acreditam que a técnica pode beneficiar estudos sobre cicatrização de feridas, regeneração de tecidos e mobilidade celular — aspectos fundamentais em diversas condições de saúde.
“O trabalho não apenas promete uma nova maneira de discriminar células cancerígenas, mas também aplicações à pesquisa de qualquer função biológica baseada na mobilidade celular”, afirma a equipe em comunicado oficial.
Desafios e próximos passos
Embora os resultados sejam promissores, os pesquisadores destacam que o desafio agora é aplicar essa técnica em ambientes clínicos, onde há uma diversidade maior de tipos celulares e fatores interferentes. Futuramente, a intenção é integrar essa abordagem a exames laboratoriais rotineiros, oferecendo uma alternativa rápida e menos invasiva à biópsia tradicional.
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