
Operação revela como grupo criminoso estruturou rede de aquisição de armamento em Brasília para abastecer a guerra contra o Comando Vermelho na Bahia.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Uma investigação minuciosa conduzida pelas autoridades do Distrito Federal culminou na condenação de sete indivíduos acusados de integrar uma complexa rede de compra e envio ilegal de armamentos que partia de Brasília com destino à Bahia. As armas tinham como destinatário o Bonde do Maluco (BDM), facção criminosa atuante no estado baiano, conhecida pela rivalidade com o Comando Vermelho (CV).
O caso veio à tona durante a Operação Illusion, que revelou como o grupo criminoso operava a partir de uma loja legalizada de armas na capital federal, utilizando intermediários para maquiar as transações e camuflar o destino final do arsenal.
Segundo o delegado Tiago Carvalho, da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), o armamento, que incluía desde pistolas e revólveres até armas de maior poder destrutivo, era transportado em comboios por rodovias até o território baiano.
O levantamento da Polícia Civil aponta que as transações ultrapassaram R$ 1 milhão, conforme revelaram áudios interceptados durante a investigação. Os valores variavam de acordo com a quantidade e o tipo de armamento adquirido.
A origem da investigação: um falso furto
A operação teve início após a comunicação de um suposto furto em uma loja de armas do DF. O dono do estabelecimento afirmou que criminosos teriam acessado o cofre da loja ao perfurarem a parede de um imóvel vizinho, de onde teriam levado o armamento. No entanto, inconsistências no relato chamaram a atenção da polícia.
Durante as diligências, os agentes descobriram que o furto nunca aconteceu: o registro havia sido feito para acobertar o envio das armas ao BDM. O proprietário da loja foi preso por comunicar falsamente um crime e passou a ser investigado também por crimes tributários ligados à empresa.
A falsa fachada do imóvel ao lado
A investigação desvendou que uma das pessoas presas no caso havia alugado o imóvel vizinho à loja usando identidade falsa, com o objetivo de criar um disfarce para ter acesso ao arsenal. A mulher confessou, em depoimento, que foi convencida a participar por outro envolvido, posteriormente identificado como intermediário do esquema.
Esse segundo suspeito alegou ter sido recrutado por um criminoso com histórico de assaltos a banco, enquanto outro indivíduo — apontado como mentor da tentativa de encenação do furto — tentou negar a presença das armas no cofre, argumento que não convenceu os investigadores.
Responsabilidades e acusações
A Justiça considerou que os réus participaram ativamente do esquema, com funções variadas, desde logística e transporte, até fraudes documentais e comunicação de crime falso. Os envolvidos irão responder por associação criminosa, comércio ilegal de armamentos, furto qualificado, falsificação e uso de documentos falsos. As penas previstas para os crimes variam de 1 a 12 anos de prisão.
A operação não apenas desmantelou um importante braço logístico do tráfico de armas no país, como também lançou luz sobre a sofisticação das redes criminosas que atuam legalmente no mercado para abastecer facções envolvidas em disputas violentas em diversos estados brasileiros.
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