
Relatório “Estatísticas Mundiais de Saúde 2025” mostra impacto devastador da pandemia: perda de 1,8 ano na expectativa de vida entre 2019 e 2021 e aumento de mortes por doenças crônicas; avanço em saúde materno-infantil desacelera e metas globais estão em risco.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou na quinta-feira (16) seu relatório anual Estatísticas Mundiais de Saúde 2025, revelando que a pandemia de Covid-19 provocou a maior queda na expectativa de vida da história recente. O estudo indica que, entre 2019 e 2021, a expectativa de vida global diminuiu 1,8 ano, revertendo uma década de avanços em saúde pública.
Impacto direto e prolongado da Covid-19
A pandemia não apenas ceifou vidas, mas também teve efeitos duradouros na qualidade de vida. Segundo a OMS, os níveis crescentes de ansiedade e depressão associados à crise sanitária reduziram a expectativa de vida saudável em seis semanas, anulando boa parte dos progressos contra doenças crônicas como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares.
Essas doenças continuam sendo as principais causas de morte precoce (antes dos 70 anos) e seguem em crescimento, impulsionadas pelo envelhecimento populacional e pela falta de acesso equitativo a serviços de saúde.
“Por trás de cada dado há uma pessoa – uma criança que não chegou aos cinco anos, uma mãe que morreu no parto ou alguém que perdeu a vida para uma doença evitável”, lamentou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Retrocessos na saúde materno-infantil
Apesar de quedas expressivas entre 2000 e 2023 – mais de 40% nas mortes maternas e redução de mais da metade na mortalidade infantil –, o relatório alerta que o progresso estagnou. A desaceleração compromete as metas globais de redução de mortes evitáveis, com milhões de vidas em risco, especialmente em países de baixa renda.
As causas apontadas incluem:
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Subinvestimento em atenção primária
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Escassez de profissionais de saúde
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Lacunas em imunização e partos seguros
A previsão da OMS é alarmante: até 2030, o mundo enfrentará um déficit de 11,1 milhões de profissionais de saúde, sendo quase 70% concentrados na África e no Mediterrâneo Oriental.
Alguns avanços continuam
Apesar do cenário crítico, o relatório também traz dados positivos. Estima-se que, até o final de 2024:
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1,4 bilhão de pessoas passaram a viver de forma mais saudável;
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Houve redução no consumo de tabaco;
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Melhorias na qualidade do ar, acesso à água potável e saneamento ajudaram a impulsionar esse resultado.
No entanto, o avanço da cobertura de serviços essenciais de saúde ainda é lento. Apenas 431 milhões de pessoas a mais conseguiram acesso a esses serviços sem dificuldades financeiras, número considerado insuficiente para cumprir os compromissos da Agenda 2030 da ONU.
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