
Estudo internacional aponta associação entre exposição a ftalatos — presentes em embalagens, brinquedos e cosméticos — e aumento nos óbitos cardiovasculares.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
Uma substância química comum em objetos do cotidiano, como embalagens plásticas, frascos de xampu e brinquedos, pode estar relacionada a aproximadamente 350 mil mortes por doenças cardíacas no mundo em 2018. A conclusão faz parte de um estudo divulgado recentemente na revista científica eBioMedicine.
Os responsáveis pela pesquisa analisaram o impacto global de um tipo de ftalato chamado DEHP, amplamente utilizado para tornar os plásticos mais maleáveis. O levantamento sugere que cerca de 10% das mortes por doenças cardiovasculares entre adultos de 55 a 64 anos podem ser atribuídas à exposição a essa substância.
Exposição cotidiana e efeitos à saúde
Ftalatos são compostos presentes em uma variedade de produtos domésticos, incluindo cosméticos, embalagens de alimentos, produtos de limpeza e materiais escolares. A exposição pode ocorrer pela ingestão de alimentos contaminados, contato com a pele ou pela inalação de partículas suspensas no ar.
Segundo os pesquisadores, o DEHP e outros ftalatos podem interferir em processos hormonais, provocar inflamações e afetar o metabolismo, contribuindo para problemas como obesidade, diabetes e, consequentemente, doenças cardiovasculares.
Desigualdade no impacto global
A análise considerou dados de cerca de 200 países e apontou que os efeitos da exposição ao DEHP foram mais severos em regiões com altas taxas de uso de plásticos e regulamentação ambiental mais branda, como o Oriente Médio, Sul e Leste da Ásia e partes do Pacífico.
Entre os países com maiores números de mortes atribuídas à substância estão Índia, Paquistão e Egito — juntos, concentraram cerca de 75% das ocorrências estimadas.
Como reduzir os riscos
Especialistas alertam que pequenas atitudes no dia a dia podem ajudar a reduzir a exposição aos ftalatos. Entre as principais recomendações estão:
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Evitar aquecer alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas;
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Não lavar plásticos reutilizáveis na lava-louças;
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Optar por utensílios livres de ftalatos, especialmente para crianças.
O estudo também reforça a importância de políticas públicas mais rígidas. Em algumas regiões, como a União Europeia, o uso de ftalatos como o DEHP já é proibido em brinquedos e produtos de cuidados pessoais. A Organização das Nações Unidas (ONU) também negocia atualmente um tratado internacional sobre plásticos, com foco em saúde humana e sustentabilidade.
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