
Empresas investigadas teriam fraudado processos licitatórios entre 2021 e 2024 e recebido recursos públicos de prefeituras e órgãos do estado; parte do montante tem origem federal.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Uma grande operação contra corrupção no serviço público foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (5) pela Polícia Federal (PF) em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU). Batizada de Operação Firenze, a ação apura um esquema de fraudes em contratos terceirizados firmados com o poder público em Pernambuco, movimentando mais de R$ 880 milhões em recursos públicos, entre estaduais e federais, ao longo dos últimos quatro anos.
Segundo os investigadores, as irregularidades envolvem contratos firmados sem concorrência justa, com indícios de fraude à dispensa de licitação, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As apurações começaram após uma denúncia sobre a contratação suspeita de uma empresa na cidade de Timbaúba (PE), o que levou à descoberta de um esquema bem mais amplo, envolvendo diversas empresas e municípios.
Mandados, bloqueios e medidas cautelares
A operação cumpriu 19 mandados de busca e apreensão nas cidades de Recife, Jaboatão dos Guararapes, Timbaúba (PE) e em São Paulo (SP). Também foi autorizada a quebra dos sigilos bancário e fiscal de pessoas físicas e jurídicas suspeitas de participação no esquema.
Além das buscas, a Justiça determinou medidas cautelares que impedem os investigados de participarem de novas licitações em Pernambuco e de manterem contato com testemunhas e outros envolvidos.
De acordo com a CGU, o grupo de empresas operava com sócios interpostos — pessoas colocadas formalmente na administração, mas sem controle real — e movimentava recursos por meio de operações financeiras com indícios claros de lavagem de capitais.
Recursos federais e estaduais
Entre 2021 e 2024, os contratos sob investigação resultaram em pagamentos superiores a R$ 880 milhões a essas empresas, sendo que mais de R$ 214 milhões teriam sido bancados com recursos federais. Só no município de Timbaúba, o valor pago pelos contratos suspeitos foi de R$ 39 milhões, com pelo menos R$ 10 milhões vindos diretamente dos cofres da União.
Em nota, a CGU informou que as provas colhidas até o momento confirmam o uso sistemático de manobras para eliminar a concorrência nos processos de contratação pública, favorecendo exclusivamente empresas ligadas ao mesmo grupo empresarial.
Crimes investigados
As autoridades investigam possíveis crimes de fraude em licitação, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A expectativa é de que, com o avanço da investigação, novos envolvidos sejam identificados e eventuais recursos públicos desviados sejam recuperados.
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