Brasil: Polícia Federal desarticula esquema internacional de tráfico de drogas via portos marítimos

Quadrilha especializada no envio de cocaína para Europa e África usava tecnologia submarina e cooptava tripulantes de embarcações. Justiça bloqueia mais de R$ 300 milhões em bens.

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (11) uma nova fase da Operação Taeguk, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas, a partir de portos brasileiros. O grupo, que atuava de forma sofisticada e estruturada, é suspeito de enviar grandes carregamentos de cocaína para países da Europa e da África por meio de embarcações comerciais.

Segundo a investigação, a quadrilha utilizava métodos avançados para ocultar os entorpecentes nos navios, como o uso de compartimentos submarinos adaptados — conhecidos como “sea chest” — e também recrutava tripulantes e mergulhadores profissionais para esconder e recuperar as cargas ilícitas em águas internacionais.

Durante a segunda fase da operação, os agentes cumpriram 12 mandados de prisão preventiva e 10 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos suspeitos nos estados do Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo (região da Baixada Santista). Até o momento, sete pessoas foram presas, sendo que quatro delas já se encontravam detidas por outros crimes e foram notificadas com novos mandados de prisão.

A Polícia Federal identificou o envolvimento direto da quadrilha no envio de uma carga de 1,6 tonelada de cocaína que saiu do litoral paulista e foi interceptada no porto de Cabo Verde, na África. As drogas estavam escondidas de forma profissional dentro da estrutura dos navios, dificultando a detecção por autoridades aduaneiras internacionais.

Como parte da ofensiva contra o esquema criminoso, a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 310 milhões em bens e valores dos investigados, medida que busca atingir financeiramente o núcleo da organização e ressarcir danos gerados pelas atividades ilícitas.

Além do tráfico de drogas, os investigados deverão responder pelos crimes de associação para o tráfico e organização criminosa, o que pode resultar em penas superiores a 35 anos de prisão, agravadas pelo caráter transnacional dos delitos.

Operação contou com apoio internacional

As ações desta quarta-feira (11) representam a continuidade da primeira fase da Operação Taeguk, deflagrada em 2023, quando cerca de 200 policiais federais cumpriram mandados de prisão e busca nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pará e Maranhão. Na ocasião, a PF identificou que o grupo contratava mergulhadores especializados para manipular as drogas nos compartimentos submersos dos navios nos portos brasileiros.

O esquema incluía uma rede internacional de mergulhadores, responsáveis por retirar as cargas de cocaína nos portos de destino fora do Brasil. Em algumas situações, a própria tripulação dos navios colaborava no processo de ocultação das drogas, prática conhecida como “içamento”.

As investigações contaram com cooperação da Marinha do Brasil, da agência americana DEA (Drug Enforcement Administration), além de parcerias com autoridades de países como Coreia do Sul, China e Espanha, que forneceram informações cruciais para o avanço das apurações.

A Polícia Federal segue investigando o possível envolvimento de outras pessoas e o alcance real da rede criminosa, que pode ter conexões em outros continentes.

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