No Brasil, vacinas podem vencer nos estoques se população não aderir à imunização, alerta nova presidente do Conass

Foto: internet
Tânia Coelho, secretária de saúde do Ceará, assume liderança do Conselho Nacional de Secretários de Saúde e destaca desafios na vacinação e acesso a especialistas no SUS.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A secretária de saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho, que agora preside o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), afirmou que a perda de vacinas por vencimento ainda é uma possibilidade real no Brasil — e que esse cenário está diretamente ligado ao grau de adesão da população às campanhas de vacinação. A perda de imunizantes gerou um prejuízo de R$ 1,75 bilhão entre 2023 e 2024, conforme dados oficiais.

“A responsabilidade pela vacinação é compartilhada entre governo federal, estados e municípios. Mas, sem o envolvimento da população, as doses não saem dos estoques”, destacou Coelho. Segundo ela, mesmo com a regularização da entrega de vacinas e esforços conjuntos para melhorar a cobertura vacinal, o risco de desperdício permanece.

Combate à desinformação: principal obstáculo

Para a gestora, o maior entrave na recuperação da alta cobertura vacinal brasileira é o avanço da desinformação. “O Brasil já foi referência mundial em vacinação. Hoje temos informação em excesso, mas o que falta é combatê-la quando vem na forma de fake news”, afirmou. A solução, diz, passa por comunicação clara, com linguagem acessível, e o uso de canais digitais para aproximar as campanhas da população.

Ela acrescentou que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) sofreu forte desorganização durante a gestão federal anterior, o que descredibilizou o sistema e impactou diretamente a cobertura vacinal, especialmente entre crianças.

A logística tripartite da vacinação

O Brasil adota um modelo tripartite para a gestão da saúde pública. No caso da vacinação, o governo federal é responsável pela aquisição e envio aos estados, que por sua vez distribuem os imunizantes aos municípios, encarregados de aplicar as doses. “Se a população não se engajar, os estoques ficam parados, e isso aumenta o risco de perdas”, alertou Tânia.

Apesar dos problemas recentes, a presidente do Conass garantiu que não há, no momento, queixas de desabastecimento, e que a prioridade é fazer com que os imunizantes disponíveis cheguem efetivamente aos braços dos brasileiros.

Dengue: queda de 70% nos casos em 2025

Um ponto positivo citado por Tânia Coelho foi a queda significativa nos casos de dengue registrados em 2025. Segundo ela, o recuo de cerca de 70% se deveu à combinação entre os planos de contingência estaduais e uma forte campanha preventiva liderada pelo Ministério da Saúde.

Ela também atribui o recuo ao fato de que boa parte da população foi infectada em surtos anteriores, o que conferiu certa imunidade coletiva temporária.

Mais Acesso a Especialistas: promissor, mas desigual

Outro tema em destaque foi o programa federal Mais Acesso a Especialistas, criado para reduzir as filas por consultas e exames especializados no SUS. Embora o projeto esteja ativo desde 2024, os resultados têm sido considerados tímidos até o momento.

Para Tânia Coelho, isso se deve a uma série de fatores estruturais. “A concentração de médicos especialistas nos grandes centros urbanos e a distribuição desigual da força de trabalho no território nacional dificultam a consolidação do programa”, explicou.

Ela afirma que alguns estados já conseguiram avanços importantes, especialmente com a criação de estruturas de atendimento especializado no interior, como é o caso do Ceará. No estado, o governo ampliou bolsas de residência médica e descentralizou serviços de alta complexidade.

Expectativas para os próximos meses

A nova presidente do Conass demonstrou otimismo com os rumos da saúde pública em 2025, mas reforçou a necessidade de ação coordenada e continuada entre União, estados e municípios. “Só vamos evitar o desperdício e garantir atendimento de qualidade se houver comprometimento conjunto — e, principalmente, se a população confiar na ciência e fizer sua parte”, concluiu.

  • Leia mais:

https://gnewsusa.com/2025/06/seis-inteligencias-artificiais-que-ja-estao-revolucionando-a-saude/

https://gnewsusa.com/2025/06/nanoplasticos-sao-encontrados-em-cerebros-humanos-e-acendem-alerta-sobre-impacto-silencioso-do-plastico-na-saude/

https://gnewsusa.com/2025/06/jorginho-celebra-novo-desafio-no-flamengo-era-algo-que-queria-viver/

 

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*