Homens morrem mais cedo e cuidam menos da saúde, aponta estudo global

Foto: SAWEK KAWILA/GettyImages
Pesquisa analisou mais de 200 países e mostrou que fatores culturais, comportamentais e sociais afastam os homens do sistema de saúde, agravando doenças como hipertensão, diabetes e HIV.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Homens vivem menos, adoecem mais e resistem a procurar atendimento médico. Essa é a conclusão de uma ampla análise internacional publicada na revista científica PLOS Medicine, conduzida por pesquisadores da Universidade do Sul da Dinamarca. O estudo mapeou indicadores de saúde em mais de 200 países, com foco em três condições principais: hipertensão, diabetes e HIV/aids.

Os dados confirmam que os homens apresentam taxas mais altas dessas doenças e morrem mais cedo por complicações relacionadas a elas. Um dos principais problemas apontados é o afastamento do público masculino dos serviços de saúde — tanto na prevenção quanto no diagnóstico e no tratamento.

No Brasil, esse cenário é evidente. Segundo o IBGE, em 2023 a expectativa de vida dos homens era de 73,1 anos, enquanto as mulheres viviam, em média, até os 79,7. A diferença de quase sete anos reflete, em parte, a negligência masculina com os cuidados preventivos.

Comportamentos de risco e estigmas culturais

Fatores como o estereótipo da masculinidade, o medo do diagnóstico e a ideia de que adoecer é sinal de fraqueza ainda são barreiras comuns. “Historicamente, o estereótipo do ‘ser homem’ impacta negativamente a saúde masculina, pois limita o autoconhecimento corporal, reprime sintomas e reforça a negação do cuidado”, explica Wilands Patrício Procópio Gomes, médico de família e comunidade do Hospital Israelita Albert Einstein.

Ele destaca que muitos homens evitam buscar ajuda mesmo diante de sinais claros de problemas de saúde. Isso se reflete em números: de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, 82,3% das mulheres consultaram um médico no ano anterior, contra apenas 69,4% dos homens.

Além disso, comportamentos de risco como tabagismo, alimentação desregulada, sedentarismo e consumo excessivo de álcool são mais frequentes entre os homens, o que contribui para o avanço das doenças crônicas.

Estratégias para mudar esse quadro

Para especialistas, uma das soluções está na atenção primária à saúde, com ações mais eficazes e direcionadas ao público masculino. Isso inclui ampliar o acolhimento nas unidades básicas, criar campanhas específicas e facilitar o acesso a exames de rotina e rastreamento de doenças.

“É preciso que os profissionais de saúde compreendam a realidade social e cultural dos homens e desenvolvam estratégias que os incentivem a cuidar da própria saúde”, reforça Gomes. “A atenção primária é a porta de entrada para esse processo.”

As estatísticas confirmam a urgência dessa abordagem. No Brasil, entre 2007 e julho de 2024, 70,7% dos casos de HIV foram diagnosticados em homens, segundo dados do Ministério da Saúde. Já as complicações de doenças como hipertensão e diabetes — como infartos e AVCs — também são mais comuns entre eles.

O estudo global reforça a necessidade de políticas públicas que incentivem hábitos saudáveis entre os homens e promovam o acesso regular aos serviços de saúde. Mais do que um problema individual, trata-se de uma questão de saúde pública com impacto direto na expectativa de vida e na qualidade de vida da população masculina.

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