Trump fecha acordos com UE, Japão e China — Brasil é ignorado e sofre tarifaço em 1º de agosto

Isolado no cenário internacional, o Brasil vê sua influência comercial ruir diante da falta de articulação diplomática, enquanto outras nações colhem os frutos do diálogo com Washington.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA

O presidente Donald Trump voltou a se destacar no cenário internacional ao fechar acordos comerciais estratégicos com União Europeia, Japão, China e outras nações influentes. O Brasil, por outro lado, segue isolado, sem avanços nas negociações e enfrentando o impacto direto de um tarifaço que pode custar caro à economia nacional.

No último domingo (27), após uma reunião decisiva com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Edimburgo, Trump anunciou um dos maiores acordos comerciais da década:
“A UE vai concordar em comprar dos EUA US$ 750 bilhões em energia, afirmou o republicano. Ele também revelou que o bloco europeu se comprometeu a investir US$ 600 bilhões adicionais nos Estados Unidos. Segundo Trump, o acordo trará equilíbrio, mas também “protege o que é nosso, sem abrir mão de nossas vantagens”.

Von der Leyen reconheceu a força e o equilíbrio do pacto:
“O acordo irá reequilibrar, mas permitir o comércio de ambos os lados”, disse ela, numa sinalização clara de que o mundo começa a se alinhar a uma política comercial mais pragmática e direta.

Além da Europa, os EUA já haviam firmado acordos com Japão, Reino Unido, China, Indonésia, Vietnã e Filipinas — todos em condições vantajosas para o lado americano. O Japão, por exemplo, aceitou investir US$ 550 bilhões nos EUA, e as tarifas sobre produtos japoneses foram reduzidas de 25% para 15%. Já a China, após anos de guerra comercial, recuou e aceitou suspender tarifas por 90 dias, sinalizando abertura para mais concessões.

Enquanto isso, o Brasil…

A situação do Brasil é oposta. O país sul-americano foi deixado de fora de qualquer acordo e recebeu o que Trump chama de “tarifa de retaliação por práticas comerciais desleais”. O secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, declarou:

“A nova rodada do tarifaço de Trump entrará em vigor na sexta-feira, 1º de agosto, e o Brasil será um dos mais atingidos. Não haverá prorrogação”, disse sem rodeios.

As tarifas contra os produtos brasileiros chegam a 50%, a maior alíquota entre todos os países. Trump não esconde o motivo:
“Tentamos negociar, mas o governo brasileiro não apresentou nada sério. Além disso, a forma como perseguiram Bolsonaro mostra que o Brasil atual não é confiável”, declarou.

Além disso, os EUA abriram uma investigação formal contra o Brasil, alegando práticas desleais de mercado e interferência política em disputas comerciais, especialmente envolvendo empresas digitais americanas.

Diplomacia ideológica e falta de visão estratégica

Analistas apontam que o distanciamento entre Brasil e EUA sob Trump não é técnico, mas resultado direto da deterioração das relações entre os dois países após a saída de Jair Bolsonaro, ex-aliado do republicano. A atual gestão brasileira, que optou por uma política externa ambígua e ideológica, fechou as portas para acordos com Washington.

O contraste é claro: enquanto países como Vietnã, Indonésia e até Filipinas conseguiram garantir tarifas de apenas 19% e acesso ao mercado americano, o Brasil amarga a punição máxima.

“Podemos conseguir um grande e lindo reequilíbrio com a China”, disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, reforçando que até os chineses — rivais estratégicos dos EUA — souberam dialogar com Trump. O Brasil, por outro lado, optou pelo isolamento.

O recado está dado: para Trump, quem trabalha com seriedade, investe e respeita acordos tem vez. Quem mistura política interna com diplomacia internacional, fica para trás. E o Brasil, ao que tudo indica, foi jogado para o fim da fila.

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