Crise global dos plásticos ameaça a saúde humana, alertam especialistas em encontro da ONU

Foto: Freepik
Negociações com 179 países buscam tratado internacional para frear impactos tóxicos do plástico em todas as fases da vida.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Começou nesta terça-feira (5), em Genebra, a rodada final de negociações para a criação de um tratado internacional juridicamente vinculativo voltado à crise dos resíduos plásticos. O foco não está apenas nos danos ambientais, mas especialmente nas graves consequências do plástico à saúde humana, conforme apontam recentes alertas de cientistas.

A conferência reúne delegações de 179 países e mais de 600 organizações observadoras, entre elas associações médicas, entidades ambientais e representantes da indústria. A expectativa é que, ao final dos 10 dias de reuniões, seja possível fechar um acordo que abrace todo o ciclo de vida do plástico — desde a produção até o descarte — e proteja não apenas o planeta, mas também as pessoas.

Plástico e saúde: um risco invisível e crescente

De acordo com estudo publicado pela revista científica The Lancet, o plástico representa um risco sério, crescente e pouco reconhecido à saúde humana, provocando doenças ao longo de todas as etapas da vida humana e em todos os momentos do ciclo de vida do plástico — da extração dos combustíveis fósseis à produção, consumo e descarte.

Especialistas alertam que bebês e crianças pequenas são os mais vulneráveis à exposição a microplásticos e aditivos químicos presentes em embalagens, utensílios, cosméticos e até brinquedos. Essas substâncias estão associadas a distúrbios hormonais, problemas neurológicos, imunológicos e até câncer.

As perdas econômicas associadas aos impactos à saúde provocados pelo plástico já ultrapassariam US$ 1,5 trilhão por ano, segundo o estudo.

Rumo a um tratado histórico

A proposta em negociação, promovida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), visa estabelecer regras internacionais obrigatórias para reduzir drasticamente o uso de plástico e promover uma economia circular, em que produtos sejam projetados para gerar o mínimo de resíduos e exposição tóxica possível.

A diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, defendeu que “a reciclagem não é suficiente” e que o mundo precisa de uma transformação sistêmica, reduzindo a produção e promovendo alternativas seguras e sustentáveis.

O documento em análise tem 22 páginas e propõe 32 artigos que abordam desde limites para microplásticos até medidas para proteger comunidades afetadas pela poluição plástica. O objetivo final é garantir um ambiente limpo, seguro e saudável para todos, direito que vem sendo reconhecido por diversos órgãos internacionais.

Pressão e desafios

Apesar da urgência, há resistência de países com fortes interesses na produção de plásticos derivados do petróleo e gás natural. Mesmo assim, os defensores do tratado comparam sua importância ao Acordo de Paris sobre o clima, pela abrangência e potencial impacto global.

Para a secretária executiva do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC), Jyoti Mathur-Filipp, é hora de os países “ouvirem as vozes da sociedade e criarem um instrumento que proteja a saúde, preserve os ecossistemas e assegure o futuro das próximas gerações”.

As negociações seguem até o dia 14 de agosto, e a expectativa é que um texto final seja concluído ainda este ano.

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