
Em nota publicação, governo norte-americano manifesta preocupação com condutas do ministro Alexandre de Moraes e pede liberdade de expressão para a oposição política no Brasil.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
A relação entre Brasil e Estados Unidos foi marcada nesta semana por um posicionamento firme do governo norte-americano em defesa dos princípios democráticos e dos direitos humanos. Por meio de sua embaixada em Brasília, os Estados Unidos demonstraram preocupação com a escalada de medidas consideradas autoritárias no cenário político brasileiro, especialmente envolvendo o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.
Na última quinta-feira (7), a Embaixada dos EUA publicou, em seu perfil oficial na plataforma X (antigo Twitter), uma advertência clara ao magistrado brasileiro. “Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores”, afirmou a representação diplomática. A nota, escrita em português, apontou também que as “flagrantes violações de direitos humanos” atribuídas ao ministro resultaram em sanções impostas ainda durante o governo Trump, com base na Lei Global Magnitsky, instrumento legal utilizado pelos Estados Unidos para punir violadores de direitos fundamentais em todo o mundo.
O comunicado ainda incluiu um recado direto aos integrantes do sistema judiciário e a outros setores do poder público no Brasil. Segundo a nota, “estão avisados para não apoiar nem facilitar” as ações do magistrado, ressaltando que o governo americano “monitora a situação de perto”.
A resposta do governo brasileiro veio no dia seguinte. O Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios dos EUA, Gabriel Escobar, para uma reunião em Brasília. A assessoria da embaixada confirmou o encontro:
“O encarregado de Negócios da Embaixada e Consulados dos EUA, Gabriel Escobar, se reuniu hoje com representantes do Ministério das Relações Exteriores. A Embaixada não divulga conteúdo de reuniões privadas.”
Escobar é atualmente o mais alto representante diplomático dos EUA no Brasil, já que a Casa Branca ainda não nomeou um novo embaixador para o posto em Brasília.
A convocação é vista como um gesto tradicional de insatisfação diplomática, mas não altera o firme posicionamento americano em defesa da liberdade de expressão e do pluralismo político.
A crítica à atuação de Moraes foi endossada também por um importante órgão da diplomacia americana. O Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, que coordena a política dos EUA para as Américas, declarou:
“O juiz Moraes, agora um violador de direitos humanos sancionado pelos EUA, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender em público não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!”
A manifestação ocorre após o agravamento da crise política no Brasil. No início da semana, o ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando violação de medidas cautelares no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. A decisão gerou ampla repercussão dentro e fora do país.
Ainda em julho, o governo dos EUA já havia incluído Moraes na lista de pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky, o que implicou o bloqueio de ativos e a proibição de entrada em território americano. Trata-se de uma medida severa, aplicada apenas em casos de violações consideradas graves contra os direitos humanos.
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