Incêndios recordes na Amazônia provocaram pior crise de qualidade do ar já registrada

Poluição viajou milhares de quilômetros, atingindo grandes cidades da América do Sul; relatório da OMM pede ação conjunta contra clima extremo e poluição atmosférica
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

Os incêndios florestais que devastaram a Amazônia em 2024 deixaram marcas muito além da floresta: eles provocaram a pior degradação da qualidade do ar já registrada no Brasil e em outros países da América do Sul, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (4) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). O estudo revela que a fumaça carregada de partículas tóxicas percorreu milhares de quilômetros, impactando cidades como São Paulo, Santiago e até áreas urbanas no Equador.

Impacto direto na saúde e no clima

De acordo com Lorenzo Labrador, cientista da OMM responsável pelo levantamento, os incêndios na Amazônia ocidental — intensificados por ondas de calor e seca severa no norte da América do Sul — liberaram concentrações recordes de partículas finas (PM2,5), capazes de penetrar profundamente no sistema respiratório humano e permanecer suspensas no ar por longos períodos.

“Houve uma degradação mensurável na qualidade do ar em cidades distantes dos focos de fogo”, afirmou Labrador.

As partículas também agravam o aquecimento global, já que compostos escuros como o carbono preto absorvem radiação solar e aceleram o derretimento de geleiras.

Poluição que não respeita fronteiras

A vice-secretária-geral da OMM, Ko Barrett, destacou que a crise de 2024 mostrou como mudanças climáticas e qualidade do ar estão interligadas e precisam ser enfrentadas de forma integrada.
“As mudanças climáticas e a poluição atmosférica não respeitam fronteiras nacionais. O calor intenso e a seca alimentam incêndios florestais, que pioram a qualidade do ar para milhões de pessoas”, declarou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a poluição do ar cause mais de 4,5 milhões de mortes prematuras por ano em todo o mundo.

Cenário global de aerossóis

O relatório também analisou a concentração de aerossóis na atmosfera — partículas microscópicas que podem tanto aquecer como resfriar o planeta. Embora os níveis tenham diminuído em regiões como América do Norte e Europa desde os anos 1980, cresceram em áreas como a América do Sul, em grande parte devido ao aumento de incêndios florestais.

Alerta para o futuro

O documento da OMM foi publicado em alusão ao Dia Internacional do Ar Limpo para Céus Azuis, celebrado em 7 de setembro, e defende maior cooperação internacional para monitoramento, previsão e gestão de riscos atmosféricos.

Para os especialistas, a tragédia ambiental de 2024 é um sinal de alerta urgente: sem ação coordenada contra o desmatamento e o aquecimento global, a América do Sul pode enfrentar crises de ar tóxico cada vez mais frequentes e letais.

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