
Sustentações orais enfatizam inconsistências nos processos e reforçam a expectativa por uma decisão baseada no direito e na ampla defesa do ex-presidente
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta terça-feira (2) o julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e oito aliados, acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de participação em tentativa de golpe de Estado.
O primeiro dia foi marcado pelas sustentações orais das defesas, que destacaram inconsistências na acusação e reforçaram a legalidade e a inocência dos réus.
Defesas questionam provas e contexto das acusações
A sessão começou com a leitura do relatório pelo ministro Alexandre de Moraes, seguida da manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que pediu a condenação de todos os réus. No entanto, advogados das defesas apresentaram argumentos que evidenciam fragilidades nas acusações.
O advogado Celso Vilardi, representante de Bolsonaro, informou que o ex-presidente não comparecerá amanhã ao julgamento, alegando questões de saúde. “Bolsonaro não vem. Ele disse que não está bem”, declarou Vilardi, reforçando que a defesa continuará apresentando suas teses em favor do ex-presidente.
Sustentações orais reforçam defesa de aliados
As defesas dos réus iniciaram suas manifestações no período da tarde, cada uma com uma hora para apresentar argumentos. Entre os destaques:
Anderson Torres: Representado por Eumar Roberto Novacki, Torres teve sua cronologia revisitada, incluindo mensagens no WhatsApp e publicações em redes sociais condenando atos de violência, mostrando que não houve envolvimento direto em qualquer plano golpista. Novacki ainda minimizou a chamada “minuta do golpe”, classificando-a como um arquivo de circulação pública, sem qualquer aplicação prática.
Almir Garnier: O advogado Demóstenes Torres criticou a narrativa da PGR por falta de individualização, destacando que seu cliente não pode ser responsabilizado por ações globais atribuídas a outros. Também reforçou que Garnier manteve conduta legal e cumpriu com seus deveres enquanto comandante da Marinha, defendendo a rescisão da delação de Mauro Cid por falta de lealdade e contradições.
Alexandre Ramagem: A defesa, comandada por Paulo Cintra, afirmou que documentos encontrados pela PF com críticas ao sistema eleitoral eram meras anotações pessoais, sem qualquer intenção de uso por Bolsonaro. Cintra destacou ainda que não houve tempo hábil para apresentar contraprovas, reforçando o direito à ampla defesa.
Mauro Cid: Advogados Jair Alves Pereira e Cezar Bittencourt defenderam o tenente-coronel, afirmando que não houve coação em sua delação e elogiando a atuação da Polícia Federal durante todo o processo.
Argumentos centrais das defesas
As defesas focaram em pontos estratégicos que reforçam a tese de que não houve tentativa concreta de golpe:
- Ausência de evidências diretas – Os advogados argumentaram que documentos e mensagens citados pela PGR não comprovam a execução de atos ilegais por parte dos réus.
- Contexto das manifestações – Torres e outros réus apresentaram provas de que suas ações estavam dentro da legalidade e que se manifestaram publicamente contra qualquer tentativa de golpe.
- Individualização das responsabilidades – Destacaram que cada réu deve ser julgado pelo que efetivamente fez, não por uma narrativa globalizante.
- Contradições nas delações – Defesas questionaram a credibilidade de depoimentos de delatores, apontando inconsistências e falta de lealdade.
Expectativas para o segundo dia de julgamento
O julgamento será retomado amanhã, a partir das 9h, com as sustentações orais das defesas de Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
As defesas esperam que a apresentação detalhada de provas, cronologias e documentos contextualize os atos dos réus, evidenciando ausência de intenção golpista.
Clima do julgamento e repercussão
No primeiro dia de julgamento, o STF manteve um ambiente de respeito formal, mas o destaque foi para a defesa do ex-presidente Bolsonaro, que apresentou argumentos sólidos e bem fundamentados. Advogados elogiaram a importância de um julgamento baseado em provas e questionaram atos do tribunal que, segundo eles, poderiam comprometer a imparcialidade do processo.
A imprensa internacional acompanhou o início das sessões, ressaltando a relevância do caso na história política do Brasil. Nas redes sociais, o monitoramento da Palver indicou que 60% das mensagens apoiavam Bolsonaro ou criticavam a atuação do STF, reforçando a forte mobilização de sua base. Apesar do caráter técnico das sustentações orais limitar a viralização de trechos, os argumentos da defesa tiveram ampla repercussão entre apoiadores.
A expectativa é que, com a apresentação clara das provas e o detalhamento das inconsistências das acusações, os ministros possam avaliar o caso com imparcialidade, respeitando o direito e a lei, assegurando a ampla defesa de Bolsonaro e promovendo uma decisão justa e fundamentada.
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