
Estudo do PNUD e da Universidade de Oxford mostra que quase 900 milhões de pessoas enfrentam riscos diretos à saúde por calor extremo, poluição, secas e inundações — e alerta para ação urgente na COP30, no Brasil
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Um relatório inédito do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Universidade de Oxford revela que 80% das pessoas que vivem em situação de pobreza estão diretamente expostas a riscos climáticos graves — como calor extremo, secas prolongadas, inundações e poluição do ar —, fenômenos que afetam não apenas a sobrevivência econômica dessas populações, mas também sua saúde física e mental. O estudo, divulgado nesta sexta-feira (17), antecede a COP30, que será sediada em Belém (PA) em novembro, e faz um alerta: sem políticas climáticas inclusivas, milhões continuarão presos ao ciclo de pobreza e adoecimento.
Impactos diretos na saúde global
O Índice Global de Pobreza Multidimensional 2025 mostra que 887 milhões de pessoas vivem sob pelo menos um risco climático severo, e 651 milhões estão expostas a dois ou mais riscos simultâneos. Entre os perigos mais comuns estão o calor extremo — que atinge 608 milhões de pessoas pobres — e a poluição do ar, que afeta 577 milhões.
Essas condições estão associadas ao aumento de doenças respiratórias e cardiovasculares, à desidratação, ao agravamento de transtornos mentais e até ao aumento da mortalidade infantil. O PNUD ressalta que as regiões com maior vulnerabilidade socioeconômica são também as que enfrentam os maiores impactos sobre a saúde pública.
Regiões mais afetadas
O estudo destaca que o Sul da Ásia e a África Subsaariana concentram a maior parte da população pobre exposta a riscos climáticos, com 380 milhões e 344 milhões de pessoas, respectivamente.
No Sul da Ásia, a exposição é praticamente universal — 99,1% das pessoas em situação de pobreza enfrentam pelo menos um evento climático extremo.
Além dos efeitos físicos, o relatório alerta para impactos emocionais e sociais, incluindo o aumento do estresse, insegurança alimentar, migrações forçadas e colapso de sistemas de saúde em países mais frágeis.
Expectativa para a COP30 no Brasil
De acordo com o administrador interino do PNUD, Haoliang Xu, o encontro da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30) será um ponto decisivo:
“As promessas climáticas nacionais devem revitalizar o progresso estagnado do desenvolvimento e não deixar as pessoas mais pobres do mundo para trás.”
O PNUD e a Universidade de Oxford destacam que, se as políticas de mitigação e adaptação não considerarem o fator humano e social, o planeta enfrentará uma crise sanitária global sem precedentes, com surtos de doenças, fome e deslocamentos populacionais em larga escala.
Aumento de temperatura e futuro da saúde global
A análise mostra que os países com maiores índices de pobreza multidimensional são também os que devem sofrer os maiores aumentos de temperatura até o fim do século. Esse cenário representa um agravamento de enfermidades relacionadas ao calor, aumento da escassez de água potável e disseminação de doenças tropicais — como dengue, malária e zika vírus — em novas regiões do planeta.
O relatório conclui que a crise climática já é uma crise de saúde pública e que os planos de ação climática devem incorporar metas específicas para proteger a saúde das populações mais vulneráveis.
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