
Conflito institucional se intensifica em meio a manifestações nacionais contra a política de acolhimento europeu
Por Chico Gomes | GNEWSUSA
Milhares de poloneses tomaram as ruas de Varsóvia neste sábado (11), atendendo ao chamado do partido nacionalista Lei e Justiça (PiS), em protesto contra o pacto europeu de realocação de migrantes. Sob chuva e bandeiras tremulando, o ato reuniu cidadãos de várias regiões do país e contou com o apoio do presidente Karol Nawrocki, adversário político do primeiro-ministro Donald Tusk, de perfil liberal e pró-União Europeia.
A manifestação teve início na Praça do Castelo, no centro histórico da capital, e marcou mais um capítulo da crescente tensão entre governo e presidência.
“Vejo o que está acontecendo no Ocidente. Tenho dois filhos na Alemanha e percebo o perigo que isso representa para a identidade nacional”, afirmou Wieslawa Najdek, aposentada de 64 anos que viajou horas para participar do evento.
A Polônia vive atualmente um cenário de coabitação política, em que presidente e primeiro-ministro pertencem a campos ideológicos opostos. As divergências se intensificaram após a aprovação do Pacto Migratório Europeu, que prevê a redistribuição de dezenas de milhares de migrantes entre os países da União Europeia — medida rejeitada por Varsóvia e Budapeste.
O presidente Nawrocki enviou recentemente uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reforçando que a Polônia “já cumpriu seu dever humanitário” ao acolher cerca de um milhão de refugiados ucranianos desde 2022 e declarando que “não aceitará a implementação do novo pacto”.
De acordo com o Eurostat, entre 2015 e 2023, a Polônia concedeu mais de 6 milhões de permissões de residência, número superior ao da Alemanha e da França. Ainda assim, o debate sobre o papel do país na crise migratória permanece aceso, em meio a disputas políticas e questionamentos sobre soberania e solidariedade europeia.
Enquanto os manifestantes ecoavam palavras de ordem pela soberania, a Polônia mostrava mais uma vez o quanto seu destino está entrelaçado à busca por identidade e à pressão de uma Europa em transformação.
LEIA TAMBÉM:
Países europeus começam a implementar sistema digital para entrada e saída no espaço Schengen
María Corina Machado recebe Nobel da Paz e dedica prêmio a Donald Trump
TCU investiga festival da Lei Rouanet com discurso de Lula e Boulos
Faça um comentário