Relatório dinamarquês expõe adoções ilegais entre Coreia do Sul e Dinamarca

Em 2022, quase 400 sul-coreanos adotados por famílias no Ocidente solicitaram à Comissão de Verdade e Reconciliação da Coreia do Sul investigar suas adoções. As adoções teriam sido impulsionadas por ditaduras que governaram o país até a década de 1980.

Manipulação de informações e incentivos financeiros descobertos resultaram em mais de 7 mil adoções ilegais

Por Nicole Cunha |GNEWSUSA

 

Um relatório dinamarquês recente expôs um “comportamento ilegal sistemático” nas adoções de crianças sul-coreanas para a Dinamarca nas décadas de 1970 e 1980. Essas violações permitiram a manipulação de informações sobre a origem das crianças.

Alteração de informações e adoções sem consentimento

O relatório destaca a possibilidade de alterar informações sobre a origem das crianças, permitindo adoções sem o conhecimento dos pais biológicos. Essas práticas questionáveis lançam luz sobre um capítulo sombrio das adoções internacionais.

Em 2013, o governo sul-coreano encerrou décadas de políticas que permitiam a intervenção de agências privadas nas adoções. Agora, todas as adoções estrangeiras precisam passar pelos tribunais de família, buscando maior transparência e proteção dos direitos das crianças.

A Junta de Recursos da Dinamarca destacou uma “estrutura de incentivos infeliz” durante as adoções, envolvendo grandes somas de dinheiro transferidas entre organizações dinamarquesas e sul-coreanas. Isso levanta questões sobre práticas financeiras duvidosas durante o processo de adoção.

Foco no período de 1970 a 1989

O relatório analisou 60 casos de três agências privadas dinamarquesas envolvidas em adoções da Coreia do Sul. Um total de 7.220 adoções ocorreram durante o período de 1970 a 1989, sendo DanAdopt, AC Boernehjaelp, e Terres des Hommes as principais agências investigadas.

O relatório foi elaborado após várias questões levantadas pela organização Danish Korean Rights Group. Em 2022, Peter Møller, chefe do grupo de direitos, também apresentou documentos à Comissão de Verdade e Reconciliação em Seul.

As organizações dinamarquesas expressaram continuamente o desejo de manter um alto número de adoções de crianças com uma idade e perfil de saúde específicos da Coreia do Sul“, afirmou o relatório.

O relatório aponta que duas agências, DanAdopt e AC Boernehjaelp, tinham conhecimento das práticas ilegais de alteração de informações sobre a origem das crianças. Isso destaca a conivência de algumas agências no processo.

Ativistas dinamarqueses, como Boonyoung Han, ressaltam a importância de uma investigação independente para responsabilizar aqueles envolvidos. O apelo por justiça destaca a gravidade das ações que ocorreram durante esse período.

Peter Møller, advogado e co-líder do Grupo de Direitos Coreanos Dinamarquês, fala durante uma coletiva de imprensa em Seul, Coreia do Sul, terça-feira, 23 de agosto de 2022./ Imagem da web.

Práticas duvidosas nas adoções Sul-Coreanas

O relatório revela que, durante o período, agências sul-coreanas agressivamente solicitavam recém-nascidos de hospitais e operavam lares maternos, pressionando mães solteiras a entregar seus bebês.

Essas práticas questionáveis permeavam áreas de baixa renda em busca de famílias vulneráveis. As agências sul-coreanas que enviaram crianças para a Dinamarca foram Holt Children’s Services e o Korea Social Service.

Em resposta às preocupações levantadas, a única agência de adoção no exterior da Dinamarca anunciou seu encerramento. A DIA estava sob investigação devido a documentos fabricados e procedimentos obscuros relacionados à origem biológica de crianças adotadas.

Além da Dinamarca

Adotados, principalmente, na Europa, Estados Unidos e Austrália há anos alertam sobre fraudes em adoções internacionais, incluindo registros falsos de órfãos quando parentes vivos existem nos países de origem. Aproximadamente 200.000 sul-coreanos, em sua maioria meninas, foram adotados no exterior nas últimas seis décadas.

Sobre Nicole Cunha 228 Artigos
Nicole Cunha é jornalista e profissional com uma década de experiência em atendimento e formação em Gestão Comercial. É responsável no GNEWSUSA por informações do meio político e atualidades, com o objetivo de trazer conhecimentos de forma dinâmica e de simples compreensão.

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