
Lindsay Robertson, diretor do Centro de Direito Índio Americano da Universidade de Oklahoma, disse à Lusa, na véspera do Dia Internacional dos Povos Indígenas, que a pandemia de covid-19 veio agravar a separação entre os chamados nativos americanos e os restantes habitantes do país.
Questionado se os indígenas têm a mesma vivência e apoios como qualquer cidadão dos EUA durante a pandemia, Lindsay Robertson respondeu que “sim e não”, mas “certamente estão a ser tratados como cidadãos do que considerariam ser um país próprio, a tribo da qual pertencem”. Na opinião do especialista, esta separação justifica-se com as dificuldades sentidas pelas comunidades indígenas para receber apoios federais durante a crise.
O Governo federal dos EUA reconhece entre 500 a 600 comunidades tribais, como governos que têm direitos sobre a sua própria terra, por lá viverem ainda antes da chegada dos europeus. O responsável explicou que as “nações nativas” são comunidades com poder político interno, onde não se aplica a jurisdição do Estado a que pertencem. As tribos têm sistema jurídico próprio, departamentos de polícia, tribunais civis, tribunais penais e Constituição próprios.
O exemplo de separação que mais se destaca durante a covid-19 é da Nação Navajo, a maior reserva indígena nos Estados Unidos, com cerca de 70 mil quilómetros quadrados, no oeste do país (abrange porções dos Estados do Arizona, Utah e Novo México) e 170 mil habitantes, onde a pandemia tem tido efeitos devastadores. A “situação particularmente grave em grande parte da terra índia” observa-se pela “falta de apoio financeiro e apoio logístico” do Governo federal dos EUA, numa área com topografia complicada e com condições rurais, considerou Lindsay Robertson.
A Nação Navajo adotou ordens de recolher obrigatório entre as 21:00 e 05:00 todos os dias e, segundo o Departamento de Saúde do território, este fim de semana é de confinamento por 32 horas.
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