
Com uma derrota por 1 a 0 para as norte-americanas, a seleção brasileira encerra a competição em Paris com uma campanha notável e a despedida de Marta dos Jogos Olímpicos.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
Neste sábado (10), no Parque dos Príncipes, em Paris, as norte-americanas venceram por 1 a 0, com um gol de Mallory Swanson, e conquistaram a medalha de ouro dos Jogos Olímpicos. A seleção brasileira, que ficou com a prata, fez uma campanha surpreendente, marcada pela despedida olímpica da veterana Marta.
A alagoana participou de seis edições do megaevento esportivo e conquistou três medalhas, todas de prata, contra o mesmo adversário. Assim como em 2004, em Atenas, e em 2008, em Pequim, a seleção brasileira mostrou competitividade contra um time feminino de maior tradição no futebol. Nas duas edições anteriores, o Brasil havia sido superado na prorrogação; desta vez, a derrota veio no segundo tempo, após uma primeira etapa em que criou diversas oportunidades para marcar.
“Tivemos várias chances. Sabíamos da qualidade do time delas, mas em momento algum deixamos de nos esforçar. Pelo contrário, pressionamos, fizemos um ótimo primeiro tempo. Infelizmente, não conseguimos marcar, e elas conseguiram. Isso é o futebol“, disse a meio-campista Adriana, que também reclamou de um pênalti não marcado.
Apesar da frustração, a prata representa um avanço significativo para uma modalidade que foi proibida no Brasil de 1941 a 1979. Desde os anos 90, a luta de gerações como a de Roseli, Sissi e Kátia Cilene tem sido para superar esse atraso. A glória foi quase alcançada algumas vezes, como na Copa do Mundo de 2007, quando o Brasil perdeu para a Alemanha na final. Ao receber as medalhas, as atletas exibiram uma faixa que dizia: “Brasil, precisamos de apoio”. Muitas vezes, ouviam que não havia investimento porque não venciam, como se o sucesso no campo dependesse exclusivamente de recursos, e não o contrário.
Naquela época, outra geração, com Formiga, Marta e Cristiane, surgiu. O maior triunfo desse grupo foi o ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, com uma vitória de 5 a 0 sobre os Estados Unidos no Maracanã. No entanto, esse feito não possui o mesmo peso de um ouro olímpico, que mais uma vez escapou.
O caminho para a final em Paris foi cheio de desafios. Após uma vitória suada sobre a Nigéria na estreia, o time dirigido por Arthur Elias sofreu uma virada do Japão e perdeu para a campeã mundial Espanha, com uma expulsão de Marta. A classificação para o mata-mata só foi possível graças a uma combinação de resultados que garantiu a vaga com o terceiro lugar da chave.
No mata-mata, o Brasil reagiu de forma impressionante, derrotando a anfitriã França por 1 a 0 com um gol de Gabi Portilho e, em seguida, vencendo a Espanha por 4 a 2, surpreendendo as campeãs mundiais.
“Estou muito orgulhoso de tudo o que aconteceu. Elas mostraram a força do futebol feminino brasileiro”, disse Arthur Elias. “A seleção feminina volta ao patamar que merece, disputando grandes jogos e finais importantes. E, eventualmente, venceremos e conquistaremos o ouro.“
Embora o ouro tenha escapado em Paris, o técnico optou por manter a formação que havia funcionado nas partidas anteriores, nas quais Marta estava suspensa. A veterana começou a final no banco e viu suas colegas criarem várias oportunidades. Ludmila teve uma chance logo no início, mas o chute foi fraco e parou nas mãos de Naeher. Ela também teve um gol anulado por impedimento, evidenciando que o Brasil não estava lá apenas para se defender. A troca de passes estava boa e as chegadas eram frequentes. Adriana reclamou de um pênalti não marcado.
As norte-americanas também tiveram seus momentos e criaram problemas, principalmente para as laterais Lauren e Yasmim. A melhor chance delas no primeiro tempo foi quando Swanson superou Lauren na velocidade, mas a finalização parou na goleira Lorena. Do outro lado, Naeher fez uma grande defesa em um chute de Gabi Portilho.
O jogo mudou após o intervalo. A equipe dos EUA adiantou a marcação e criou grandes problemas para o Brasil, que começou a se desorganizar. Aos 12 minutos, Korbin Albert aproveitou uma saída errada das brasileiras e deixou Swanson em uma posição clara para marcar o gol.
Arthur Elias reagiu com uma substituição tripla, colocando Angelina, Priscila e Marta em campo, antes, Ana Vitória havia substituído Yaya. O time conseguiu pressionar nos minutos finais e teve uma excelente chance nos acréscimos, quando Angelina deixou Adriana livre para cabecear. No entanto, Naeher fez outra boa defesa e garantiu a prata para as brasileiras.
“Estou muito orgulhosa de tudo o que fizemos nesta competição. Eliminamos a equipe da casa com o estádio lotado e vencemos a campeã mundial. Fizemos uma grande Olimpíada e, daqui para frente, vamos crescer, amadurecer e trabalhar mais”, afirmou Gabi Portilho. “O Brasil é uma potência.“
Leia também:
Veja a lista de quem estava a bordo do avião que saiu de Cascavel e caiu em Vinhedo (SP)
PF desvenda esquema de tráfico com 90 kg de cocaína em avião e prende suspeitos
Apreensão de arsenal em Piracicaba: suspeito de tentativa de feminicídio é procurado pela polícia
Faça um comentário