Sutil e enigmática, Usha Vance se torna o alvo de críticas tanto da direita quanto da esquerda no país, enquanto todos procuram uma definição para sua imagem como potencial segunda-dama.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Usha Chilukuri Vance apresentou-se como uma figura inesperada no palco da convenção republicana, onde seu marido, J.D. Vance, havia sido anunciado como candidato a vice-presidente na chapa de Donald Trump. Em meio a um ambiente repleto de cartazes clamando por “deportação em massa já”, a filha de imigrantes indianos compartilhou como seu marido adotou sua dieta vegetariana e até aprendeu a cozinhar para sua mãe. Com seus cabelos brancos à mostra e mínima maquiagem — em contraste com os saltos altos e maquiagem ostentosa das outras presentes — Usha, de 38 anos, não mencionou Trump em nenhum momento.
A presença de Usha gerou uma onda de incertezas e debates. Seria ela uma liberal ou conservadora? Uma esposa leal ou uma mulher ambiciosa? Representaria o sonho americano ou apenas serviria para dar uma aparência de diversidade à campanha de Trump?
Uma breve biografia disponível em um site de casamento, ainda acessível, descreve Usha de forma simples: “Gosta de cozinhar, ler e defender seu cachorro, Pippin.” Em 2014, o casal celebrou sua união com uma cerimônia hindu, e imagens desse momento se tornaram alvo de críticas por parte de supremacistas brancos insatisfeitos com a escolha de Trump.
Um desses críticos, o supremacista branco e antissemita Nick Fuentes, questionou a forma como Usha foi criada, afirmando: “A mulher de J.D. Vance ‘Usha’ não foi criada cristã e não é cristã. Que tipo de família é essa?” Em resposta a ataques, Vance defendeu sua esposa, chamando-a de uma mãe exemplar e uma advogada talentosa, enquanto admitiu que enfrentaram ataques por parte de grupelhos supremacistas. “Eu apenas amo Usha”, declarou em entrevista.
Esse não foi o único incidente em que Vance se viu diante da dificuldade de lidar com a herança racial de Usha. Quando Trump fez comentários sobre Kamala Harris, questionando sua identidade racial, muitos criticaram a falta de sensibilidade de Vance em relação à origem birracial de seus próprios filhos — Ewan, Vivek e Mirabel, que têm menos de dez anos.
Em contrapartida, Mythili Sampathkumar, uma diretora de uma associação de jornalistas do sul da Ásia nos Estados Unidos, argumentou que Usha exemplifica o “mito da minoria modelo” — um estereótipo que coloca os asiático-americanos como a “minoria ideal”, minimizando as lutas raciais enfrentadas por muitos. Sampathkumar colocou Usha e Kamala Harris em lados opostos deste mito.
Usha, originária de uma família acadêmica que imigrou legalmente do sul da Índia, destaca-se por ter uma trajetória notável. Sua mãe é professora universitária e seu pai atua na área de engenharia. Desde cedo, Usha se destacou academicamente e, após se mudar para a californiana San Diego, cursou História em Yale, onde se envolveu em diversas atividades culturais e educacionais.
Colegas a descrevem como uma pessoa centrada e inteligente, quase alheia à política. Historicamente, Usha se registrou como democrata antes de mudar sua afiliação para independente e, posteriormente, se registrar como republicana. Um dos poucos momentos em que ela se manifestou politicamente foi após os eventos de 6 de janeiro, quando expressou sua indignação com o incitamento de Trump à invasão do Capitólio.
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