Sergei Lavrov acusa Ocidente de “brincar com fogo” ao permitir que Ucrânia utilize armas doadas para atacar território russo, aumentando o risco de um conflito global.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Em um pronunciamento incisivo na última terça-feira (28), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, alertou que o Ocidente estaria “brincando com fogo” ao considerar a possibilidade de permitir que a Ucrânia use armamentos fornecidos pelos aliados para atacar o território russo. Lavrov, que exerce o cargo mais alto da diplomacia russa há mais de 20 anos, emitiu uma grave advertência aos Estados Unidos, afirmando que uma possível Terceira Guerra Mundial não se limitaria ao continente europeu, mas teria alcance global.
“O comportamento do Ocidente é como o de crianças brincando com fogo, mas esse comportamento é perigoso para adultos responsáveis por arsenais nucleares”, declarou Lavrov, em resposta às movimentações do Ocidente de flexibilizar as restrições ao uso de armas doadas à Ucrânia.
No dia anterior, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia solicitado novamente que os países da Otan permitissem que a Ucrânia utilizasse as armas fornecidas contra a Rússia, em retaliação aos “ataques massivos” que o país sofreu, direcionados à infraestrutura energética. Zelensky defendeu que “a Ucrânia não pode ser restringida em suas capacidades de longo alcance quando os terroristas não enfrentam tais limitações”.
Lavrov, por sua vez, sublinhou que os Estados Unidos não devem subestimar o risco de uma Terceira Guerra Mundial afetar diretamente seu território. “Os americanos associam inequivocamente as conversas sobre a Terceira Guerra Mundial como algo que – se, Deus nos livre, acontecer – afetará exclusivamente a Europa”, afirmou o diplomata russo.
Desde o início da invasão da Ucrânia, em 2022, o presidente russo, Vladimir Putin, tem alertado repetidamente sobre o risco de um conflito global que poderia envolver as maiores potências nucleares do mundo. Apesar disso, Putin insiste que não deseja uma guerra direta com a Otan.
Entretanto, Lavrov esclareceu que a Rússia está revisando sua doutrina nuclear. As diretrizes de 2020 estabelecem que o país pode usar ogivas nucleares apenas em resposta a um ataque semelhante, envolvendo armas de destruição em massa ou armas convencionais, caso a própria existência do Estado esteja sob ameaça.
Por outro lado, Zelensky afirmou que a recente invasão ucraniana na região russa de Kursk demonstrou que as ameaças de retaliação da Rússia não passam de blefes. Kiev confirmou que utilizou mísseis americanos para destruir pontes em Kursk, enquanto Washington e outros aliados alegam não ter conhecimento prévio sobre os planos da Ucrânia de invadir território russo.
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