
Deputados alertam para impactos da proposta de jornada 4×3, que pode gerar desemprego e informalidade.
Por Ana Mendes | GNEWSUSA
O debate sobre a proposta de emenda constitucional (PEC) que pretende reduzir a jornada de trabalho no Brasil, passando de 44 para “36 horas” semanais, ganhou novos contornos no Congresso. Encabeçada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), a proposta vem sendo questionada por deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Leo Siqueira (Novo-SP), que alertam para os riscos econômicos e os efeitos adversos que a mudança poderia causar no mercado de trabalho.
Preocupação com custos e perda de empregos
Nikolas Ferreira considera a proposta “complexa” e alerta que o modelo de jornada 4×3 pode prejudicar setores que operam em horários estendidos, como hospitais, supermercados e restaurantes. Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado expressou sua preocupação com o impacto financeiro nas empresas e o possível aumento de demissões.
“Como é que ficam os casos, por exemplo, dos supermercados, restaurantes e hospitais que tem que funcionar 24 horas? Numa escala, por exemplo, 4×3 – trabalha quatro dias e folga três – basicamente, ou eles demitem funcionários ou eles aumentam os funcionários. O aumento dos funcionários gera despesa para essas empresas. Ou seja, a discussão é só se vai aumentar o desemprego e a informalidade, porque destruir o sustento do pobre, eu não tenho dúvida”
Além disso, ele questionou a viabilidade da proposta, afirmando que o cálculo apresentado, de quatro dias com oito horas de trabalho cada, resultaria em apenas 32 horas semanais e não 36 horas como escrito na PEC, uma possível inconsistência que pode confundir o debate.
Custos para empresas e consumidores
Outro crítico, o deputado Leo Siqueira, acredita que a PEC, ao reduzir a força de trabalho em 33%, acarretaria um aumento dos custos para as empresas, que provavelmente repassariam esses custos aos consumidores. Ele também destacou três potenciais consequências: alta dos preços, aumento da informalidade e incentivo à automação para compensar a mão de obra reduzida.
Para Siqueira, a medida poderia ter um impacto negativo na economia brasileira, já que o aumento de despesas nas empresas e a inflação de preços afetariam a competitividade do mercado e pressionariam as finanças das famílias brasileiras.
Falta de estudos e planos de mitigação
Ambos os deputados criticaram a ausência de estudos aprofundados sobre os efeitos da PEC no Brasil. A essa ausência de dados compromete a qualidade do debate e torna mais difícil prever e mitigar os problemas que podem surgir.
Outro ponto destacado pelos deputados é a falta de propostas na PEC para enfrentar as consequências econômicas e sociais que a medida pode causar, como o aumento do desemprego, da informalidade e da inflação.
Nikolas Ferreira enfatizou que não é contra a escala 6×1 atual, mas sim preocupado com os potenciais impactos negativos da proposta 4×3.
Uma abordagem cautelosa para a economia
Uma mudança dessa magnitude deve ser baseada em estudos sólidos e análises profundas, especialmente considerando a realidade econômica e social do Brasil.
O Congresso continuará o debate nos próximos meses, e os deputados críticos à PEC esperam que o foco permaneça no equilíbrio entre melhorias para os trabalhadores e a sustentabilidade econômica.
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