Instituto reforça esforços para coleta e produção de antiveneno que salva vidas.
Por Paloma de Sá|GNEWSUSA
A ordem Lepidoptera, que inclui borboletas e mariposas, abriga mais de 160 mil espécies em todo o mundo, sendo cerca de 80 mil no Brasil. Entre elas, as lagartas do gênero Lonomia destacam-se por seu potencial perigoso: são as únicas capazes de causar envenenamento grave em humanos, podendo levar à morte. Dados do último Boletim Epidemiológico mostram que 13 espécies de Lonomia estão distribuídas pelo território brasileiro, embora nem todas apresentem risco significativo.
O único tratamento eficaz contra o veneno é o soro antilonômico, desenvolvido pelo Instituto Butantan nos anos 1990. Produzido a partir do veneno extraído dos espinhos dessas lagartas, o antiveneno é distribuído pelo Ministério da Saúde, com cerca de cinco mil ampolas disponibilizadas anualmente.
Coleta de Lonomias: a chave para salvar vidas
A produção do soro depende da coleta das lagartas, trabalho que requer atenção e capacitação. Em agosto deste ano, Alexandre Veloso Ribeiro, biólogo do Butantan, capturou 15 exemplares em Itapecerica da Serra (SP), após um acidente envolvendo Maurício Martins Jr., que tocou um grupo de lagartas enquanto se pendurava em um cipó. Três dias depois, com sintomas graves, ele foi atendido no Hospital Vital Brazil, onde recebeu cinco frascos do antiveneno.
“As Lonomias se camuflam muito bem em galhos, folhas e até no solo. Esse é um dos fatores que torna os acidentes frequentes, especialmente no verão”, explica Alexandre. Durante a coleta, ele identificou as lagartas escondidas na serrapilheira, ambiente escolhido para evitar a desidratação causada pelo calor.
Cuidados na manipulação e manejo seguro
A manipulação das Lonomias exige luvas de borracha e pinças longas para evitar contato direto. Além disso, especialistas realizam buscas detalhadas nos arredores do local do acidente, identificando árvores similares e rastros como fezes acumuladas na base dos troncos.
Após a captura, as lagartas são mantidas em viveiros preparados com galhos e folhas de nêspera, alimentadas e hidratadas até atingirem o último estágio larval, momento em que apresentam maior concentração de veneno.
Reconhecendo as Lonomias e prevenindo acidentes
A camuflagem eficaz das Lonomias as faz parecer musgos ou fragmentos de vegetação, dificultando sua identificação por leigos. Acidentes podem ser evitados com o uso de luvas em áreas de mata e atenção redobrada ao manusear troncos e cipós.
Em caso de contato, é fundamental buscar atendimento médico imediato e evitar manipular as lagartas sem orientação. Uma única aplicação do soro pode salvar até quatro vidas, reforçando a importância do trabalho contínuo do Butantan na coleta e produção do antiveneno.
A dedicação de profissionais como Alexandre Veloso Ribeiro não apenas garante o tratamento de vítimas, mas também evidencia a importância da ciência na proteção da saúde pública.
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