Temer vê instabilidade no governo Lula por disputas internas

Ex-presidente do Brasil aponta falta de unidade na gestão federal e reforça importância do diálogo entre os Poderes.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Durante evento nos Estados Unidos, Michel Temer afirmou que a atual gestão federal vive um ambiente de instabilidade provocado por disputas entre integrantes do próprio governo. O ex-presidente participou da Brazil Conference, em Massachusetts, organizada por estudantes brasileiros de Harvard e do MIT.

Ele comentou os desentendimentos que ocorrem dentro do Palácio do Planalto e sugeriu que os conflitos entre ministros enfraquecem o governo perante a população e a comunidade internacional. “Quando um ministro piscava feio para o outro [no meu governo], eu chamava os dois e resolvia”, afirmou, comparando com o que observa hoje.

As divergências, segundo ele, são motivadas por interesses partidários e posições ideológicas distintas entre os membros do Executivo. “O que há é isso, seja em função de partido, há muita divergência”, disse. “Isso causa instabilidade. Nós que estamos olhando de fora queremos segurança.”

Essas falas ocorrem em meio a tensões entre ministros de Lula, como Fernando Haddad, da Fazenda, e Rui Costa, da Casa Civil. Enquanto Haddad defende equilíbrio fiscal e contenção de gastos, Costa resiste a essas medidas, argumentando que elas podem comprometer obras e ações prioritárias. Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, também já manifestou apoio às críticas contra Haddad.

Ao comentar o atual presidente da Câmara, Hugo Motta, Temer defendeu que o cargo exige compromisso com a Constituição. “A gente acha que quem ocupa um espaço de poder é senhor absoluto daquele poder. O que está na Constituição não é vontade do constituinte. Eu representei [quando presidente da Câmara] a vontade da única autoridade que existe no país, que é o povo.”

O ex-presidente disse confiar que tanto Motta quanto o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, exercerão seus mandatos respeitando os limites constitucionais. “Eu acho que são jovens ambos [Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Motta] e poderão fazer um belíssimo papel. E eu tenho absoluta convicção, conhecendo como os conheço, que eles vão cumprir rigorosamente os termos constitucionais.”

Sobre o relacionamento entre os Poderes, Temer não vê problema no fato de integrantes do Executivo manterem contato com membros do Judiciário e do Legislativo, prática da qual também participou quando estava no comando do país. “Como você harmoniza as relações institucionais se você não dialogar com as pessoas de diversos poderes?”

Mesmo sem citar decisões específicas, ele mencionou o Supremo Tribunal Federal e seu papel nas instituições brasileiras. “Não há a menor possibilidade de nós violarmos os princípios democráticos em face não só da vontade do Legislativo, mas particularmente do Judiciário, no particular, do STF, que fez um esforço extraordinário para manter a íntegra a democracia brasileira.”

Em sua fala, Temer ainda abordou o cenário internacional e criticou a personalização das relações entre países, ao lembrar que as nações não devem pautar suas ações por simpatias pessoais entre chefes de Estado.A relação não é de Donald Trump com Luiz Inácio”, afirmou. “É entre o presidente dos EUA com o do Brasil. As pessoas têm que ter consciência disso. Adotou-se uma técnica de simpatia por alguns presidentes ou candidatos. A relação não tem que ser entre a simpatia do Luiz Inácio e do Trump com A, B ou C.”

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