
Instabilidade econômica, violência e escândalos de corrupção mantêm investidores dos EUA longe do Brasil, alerta enviado especial de Trump em Nova York.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Durante um evento em Nova York, o governo Donald Trump voltou a acender o alerta sobre os obstáculos que afastam o Brasil dos investimentos norte-americanos. Mauricio Claver-Carone, ainda no cargo de enviado especial para a América Latina, foi categórico ao listar os principais motivos que mantêm o país longe das estratégias dos grandes fundos financeiros dos Estados Unidos.
A avaliação veio num momento de transição para Claver-Carone, que deixará o governo, mas fez questão de representar com firmeza a visão da administração Trump. Em sua análise, os investidores de Nova York têm evitado o Brasil por razões claras e recorrentes.
“O Brasil enfrenta três problemas”, afirmou. “E eu vou dizê-los nesta ordem. E, se você perguntar a qualquer investidor aqui em Nova York — e quando criei meu fundo, literalmente conversei com todos os principais fundos de investimento — perguntei: ‘O que vocês estão fazendo com isso?’ E eles disseram: ‘Nada, exceto Brasil. Fomos ao Brasil e depois saímos.’ Por quê? Eu os chamo dos três C’s. Mas é o primeiro que é realmente o mais difícil: câmbio.”
O câmbio instável tem sido, segundo ele, um dos fatores mais dissuasivos para quem considera aplicar recursos no país. A imprevisibilidade da moeda brasileira mina a confiança dos mercados, e dificulta qualquer planejamento de longo prazo — algo fundamental para os investidores norte-americanos.
A violência urbana e a expansão do crime organizado no Brasil também pesam negativamente na balança. Claver-Carone mencionou nominalmente grupos como o PCC e o Comando Vermelho, destacando o impacto direto dessas organizações sobre o ambiente de negócios e a confiança internacional.
“Estamos trabalhando muito de perto com o governo atual para enfrentar esse problema”, ressaltou, ao abordar os esforços conjuntos de segurança e inteligência.
A corrupção continua sendo outro fator que mina a imagem do Brasil, mesmo após algumas iniciativas institucionais. Apesar dos avanços jurídicos desde a Lava Jato, a herança de escândalos ainda compromete a percepção externa.
“A confiança dos investidores segue abalada”, reforçou, apontando que, para os mercados globais, o Brasil ainda não conseguiu limpar a reputação construída por décadas de má gestão e impunidade.
Mais preocupante ainda, segundo ele, é o fato de que o Brasil sequer é lembrado como potência econômica fora do continente. A percepção internacional está desconectada da realidade econômica brasileira, o que demonstra o tamanho do distanciamento entre o país e o mercado global.
“Vocês são a segunda maior economia do Hemisfério Ocidental, mas pergunte a qualquer um em Nova York quem está atrás dos EUA. Vão dizer Canadá ou México”, afirmou. “Ninguém responde Brasil.”
A fala de Claver-Carone reflete a postura do governo Trump, que prioriza relações com países que oferecem estabilidade, segurança e instituições confiáveis. Enquanto o Brasil não resolver seus próprios problemas internos, como a corrupção, a violência e a instabilidade econômica, continuará sendo ignorado pelos investidores e fora das prioridades dos Estados Unidos.
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