Casa Branca considera medida inédita para atingir rede de influência no entorno de magistrados brasileiros e garantir eficácia de punições por censura e perseguição política.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Com os olhos voltados para o cenário político e jurídico do Brasil, o governo de Donald Trump, que busca retomar a presidência dos Estados Unidos, prepara uma escalada diplomática contra o Supremo Tribunal Federal. Após anunciar que estuda sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, Washington agora avalia incluir nos bloqueios cônjuges de ministros que mantêm escritórios de advocacia — uma ação que mira diretamente a estrutura econômica ligada aos magistrados.
A estratégia é tratada com seriedade nos bastidores da Casa Branca. Autoridades americanas acreditam que, para garantir a efetividade das sanções, é necessário atingir não apenas os ministros, mas também suas redes de influência econômica e institucional. Esposas de ao menos quatro integrantes do STF mantêm bancas jurídicas ativas, o que, segundo fontes ligadas ao Departamento de Justiça, pode representar uma “fonte relevante de recursos para os magistrados”.
As medidas em estudo podem impedir que empresas com vínculos com os EUA contratem esses escritórios, tornando-os inoperantes em parte do mercado internacional. A iniciativa segue a lógica já utilizada em outros casos pela Lei Magnitsky, legislação que permite sanções contra envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos.
“Existe uma grande possibilidade de o governo Trump punir Alexandre de Moraes com a severa Lei Magnitsky”, confirmou o secretário de Estado Marco Rubio na última quarta-feira (21). A declaração pública marca uma mudança de postura dos EUA, que agora falam abertamente sobre a situação brasileira.
A motivação central é o que o governo Trump considera uma série de decisões judiciais que extrapolam os limites do Judiciário, como o bloqueio de perfis em redes sociais, a censura de conteúdos e investigações contra opositores do governo anterior. O deputado republicano Cory Mills foi enfático ao afirmar que Jair Bolsonaro corre risco de ser vítima de uma “iminente prisão politicamente motivada”.
As relações familiares dos ministros com escritórios de advocacia tornaram-se um ponto sensível. Entre os casos mapeados, estão:
- Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, que lidera uma banca onde atuam os filhos do casal;
- Guiomar Feitosa Mendes, casada com Gilmar Mendes, sócia de um dos maiores escritórios do país;
- Roberta Maria Rangel, mulher de Dias Toffoli, fundadora de um escritório referência em Brasília;
- Valeska Teixeira Zanin Martins, esposa de Cristiano Zanin, que atuou na defesa de Lula e hoje comanda o escritório Zanin Martins Advogados.
O escritório de Valeska emitiu nota defendendo sua trajetória: “Informamos que Valeska Zanin Martins atua na advocacia há 25 anos. É sócia-fundadora do escritório Zanin Martins e desde a década de 80 já atuou em centenas de casos relevantes e paradigmáticos para o Direito brasileiro.”
Ainda que ministros do Supremo garantam que continuarão atuando com “autonomia” diante da pressão externa, o movimento do governo Trump aponta para um cerco jurídico e político mais amplo. O recado está dado: atos que atentem contra liberdades fundamentais e que se travestem de decisões judiciais não ficarão sem resposta internacional.
Mais do que um embate jurídico, o que se vê é uma disputa de valores. Enquanto parte do Judiciário brasileiro se blinda, os EUA sob Trump afirmam estar atentos a qualquer tentativa de instrumentalização institucional contra adversários políticos — uma posição que ganha cada vez mais respaldo no Congresso americano e entre aliados conservadores no mundo.
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