
Ex-presidente denuncia investigação sobre golpe como “perseguição política” e exige liberdade para aliados.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Na manhã desta sexta-feira (13), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou suas redes sociais para exigir a anulação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, seu antigo ajudante de ordens. A demanda surgiu após a revista Veja publicar mensagens que indicariam que Cid mentiu ao Supremo Tribunal Federal (STF) em seus depoimentos. Para Bolsonaro, o caso reforça sua tese de que a investigação sobre um suposto plano golpista é uma “farsa fabricada em cima de mentiras” para atacar adversários políticos.
Uma reportagem, divulgada na quinta-feira (12), revelou conversas atribuídas a Cid, enviadas por meio de um perfil no X identificado como @gabrielar702. Os diálogos, que teriam ocorrido entre janeiro e março de 2024, sugerem que o militar descumpriu restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, como a proibição de usar redes sociais durante o acordo de delação. As mensagens expõem críticas de Cid ao Judiciário e contradições com suas declarações oficiais.
Em postagem no X, Bolsonaro foi enfático: “Essa delação deve ser anulada. Braga Netto e os demais devem ser libertados imediatamente. E esse processo político disfarçado de ação penal precisa ser interrompido antes que cause danos irreversíveis ao Estado de Direito em nosso país.” Ele afirmou que o vazamento comprova que a narrativa de um “golpe” é uma armação para calar a oposição de direita.
Mensagens Expõem Fragilidades da Delação
As conversas vazadas mostram Cid desabafando sobre o inquérito. Ele teria chamado Moraes de “cão de ataque”, acusado o ministro de já ter uma “sentença pronta” baseada apenas em “narrativas” e dito que “o STF está todo comprometido”. O militar também expressou desespero com o futuro do caso, prevendo penas severas: “os Cel PM vão pegar 30 anos… E depois vem para a gente.”
Para os aliados de Bolsonaro, as mensagens revelam que Cid foi pressionado a incriminar o ex-presidente. Embora tenha confirmado ao STF reuniões sobre medidas para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023, nas conversas privadas ele minimizou a intenção de Bolsonaro, afirmando: “Eu falava que o PR não iria fazer nada.” Isso, segundo a defesa, prova que a delação foi manipulada para sustentar uma narrativa contra o ex-presidente.
Consequências Legais e Estratégia de Defesa
A delação de Cid é peça-chave nas acusações contra Bolsonaro e outros investigados, como ex-ministros e militares. Caso o acordo seja anulado, Cid pode perder benefícios, como o pedido de perdão judicial ou pena de até dois anos, e enfrentar até 40 anos de prisão junto aos demais réus. Mentir ao STF também pode configurar crime, embora os desdobramentos ainda sejam incertos.
A defesa de Bolsonaro já havia pedido a anulação da delação em março de 2025, alegando inconsistências. As mensagens vazadas agora fortalecem esse argumento, sugerindo que Cid atuou de forma dúbia, colaborando com a Polícia Federal enquanto compartilhava versões diferentes em particular. Para o ex-presidente, isso evidencia que o inquérito é uma perseguição orquestrada pelo Judiciário.
Repercussão e mobilização
O vazamento das mensagens inflamou os apoiadores do ex-presidente, que lotaram as redes sociais com críticas ao STF. Bolsonaro tem usado o caso para reforçar sua narrativa de vítima de um sistema que, segundo ele, quer destruir a democracia. Ele destacou trechos das mensagens de Cid que mencionam a possibilidade de uma ação do Congresso ou uma vitória de Donald Trump nos EUA como formas de reverter o processo.
Enquanto o STF não se manifesta, Bolsonaro segue na ofensiva, defendendo que as revelações desmontam a credibilidade do inquérito. O ex-presidente acredita que o vazamento é uma chance de virar o jogo e garantir justiça para si e seus aliados, pondo fim ao que chama de “caça às bruxas judicial”.
Leia mais
Vai viajar aos Estados Unidos? Confira dicas para evitar problemas com a imigração
Polícia é atacada por manifestantes anti-imigrantes na Irlanda do Norte
Faça um comentário