Brasil: Força Nacional do SUS realiza 180 atendimentos médicos na Amazônia Legal durante missão interinstitucional

Foto: divulgação/CNJ
Ação emergencial em Boca do Acre (AM) identificou falhas críticas na rede pública de saúde e buscou ampliar o acesso a especialistas; iniciativa integra programa federal em parceria com o CNJ.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) concluiu uma importante missão humanitária na região Norte do Brasil, realizando 180 atendimentos médicos entre os dias 23 e 27 de junho no município de Boca do Acre (AM), localizado na tríplice fronteira entre Amazonas, Rondônia e Acre. A ação ocorreu no âmbito do programa Justiça Itinerante Cooperativa, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com apoio do Ministério da Saúde, Hospital das Clínicas, Exército Brasileiro e o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Purus.

Diagnóstico situacional e carências históricas

Durante os cinco dias de missão, a FN-SUS elaborou um diagnóstico detalhado da situação de saúde da região, mapeando gargalos como:

  • Longa fila por procedimentos especializados;

  • Falta de pediatras, especialmente para casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA);

  • Ausência do SAMU 192, o que dificulta atendimentos de emergência;

  • Problemas na regulação interestadual para populações indígenas;

  • Déficit de estrutura física nos hospitais locais, apesar de haver potencial para ampliação cirúrgica.

“Essa missão vai além do atendimento pontual. É sobre identificar com clareza onde estão os vazios assistenciais para nortear políticas públicas eficientes”, afirmou o coordenador-geral da FN-SUS, Rodrigo Stabeli.

Expansão do acesso a especialistas

A operação está integrada ao programa “Agora Tem Especialistas”, criado pelo Ministério da Saúde para reduzir o tempo de espera para consultas, exames e cirurgias em seis áreas prioritárias: oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. A estratégia prevê o credenciamento de clínicas privadas e hospitais filantrópicos para atender pacientes do SUS.

Em Boca do Acre, a FN-SUS visitou o Hospital Regional Maria Geny, avaliando o espaço físico e o número de profissionais disponíveis. A constatação foi de que o hospital tem estrutura para ampliar sua capacidade cirúrgica, mas carece de profissionais e regulação mais ágil.

Atendimento médico e educação em saúde

Além das consultas clínicas e avaliações especializadas, a FN-SUS promoveu ações de educação em saúde, com foco especial em emergências climáticas, direcionadas à comunidade indígena Camicuã.

Reuniões estratégicas com lideranças indígenas, gestores locais e técnicos do DSEI também foram realizadas para criar um relatório técnico que subsidie futuras políticas públicas interministeriais. “O trabalho conjunto com o CNJ fortalece a ideia de uma governança colaborativa, fundamental para a construção de um SUS mais universal e resolutivo”, destacou Juliana Lima, consultora técnica da Força Nacional.

SAMU e investimentos federais

Desde 2023, o governo federal já destinou 2.416 novas ambulâncias do SAMU 192, o que representa um aumento seis vezes superior ao período entre 2019 e 2022. O investimento total ultrapassa R$ 722 milhões, com foco em ampliar a cobertura das regiões mais remotas, como o interior da Amazônia.

Isolamento e vulnerabilidade na região amazônica

Com cerca de 35 mil habitantes, Boca do Acre é um retrato das dificuldades enfrentadas por populações amazônicas: isolamento geográfico, escassez de infraestrutura, presença de comunidades ribeirinhas e indígenas, além de eventos climáticos extremos que dificultam o deslocamento.

Essa missão sinaliza o esforço interinstitucional para garantir direitos básicos em territórios de difícil acesso, onde o poder público historicamente é menos presente.

Sobre o programa Justiça Itinerante Cooperativa

A iniciativa do CNJ visa ampliar o acesso à Justiça e a outros serviços públicos em localidades da Amazônia Legal com alto índice de litígios e escassa presença do Estado. Em 2025, a parceria com o Ministério da Saúde passou a integrar atendimentos médicos emergenciais e produção de relatórios técnicos intersetoriais.

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