
Reconhecimento marca vitória histórica após duas décadas de combate à doença em território timorense.
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou oficialmente nesta quinta-feira (24) que Timor-Leste é agora reconhecido como livre da malária, após mais de 20 anos de esforços intensivos e coordenados para erradicar a doença no país. Localizado no sudeste da Ásia e membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o país de língua oficial portuguesa se torna o 48º território no mundo a conquistar esse marco, juntando-se a 47 países e 1 território que já eliminaram a transmissão local da infecção.
Segundo a OMS, para que um país seja considerado livre da malária, é necessário comprovar a interrupção da transmissão autóctone por pelo menos três anos consecutivos. No caso timorense, o último caso autóctone foi registrado em 2020.
Uma vitória construída com persistência e parcerias
Desde que reconquistou sua independência em 2002, o Timor-Leste priorizou políticas de saúde pública voltadas ao controle da malária. O Programa Nacional de Controle da Malária, implementado em 2003, foi a principal frente de atuação. De acordo com a OMS, o número de casos passou de 223 mil registros em 2006 para zero casos autóctones a partir de 2021.
Mesmo com severas limitações de infraestrutura e uma grave escassez de médicos e profissionais da saúde, o país estruturou um sistema eficaz de vigilância epidemiológica em tempo real, que permite detectar e conter rapidamente qualquer caso suspeito, inclusive em áreas fronteiriças.
A secretária da Saúde timorense, Élia António de Araújo dos Reis Amaral, destacou a importância do envolvimento comunitário e do monitoramento constante para evitar o retorno da doença:
“Continuaremos vigilantes com nossas ações comunitárias, reforçando a vigilância epidemiológica para proteger as futuras gerações.”
Reconhecimento internacional
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, celebrou o feito e apontou os fatores que tornaram o resultado possível:
“Esta conquista é fruto de uma forte vontade política, intervenções eficazes, apoio de parceiros internacionais e o comprometimento incansável dos profissionais de saúde locais.”
O sucesso do Timor-Leste reflete um modelo de colaboração entre governos, organizações internacionais e comunidades locais. O país contou com apoio técnico da OMS e de outras entidades globais, que contribuíram para treinamentos, fornecimento de medicamentos, testes rápidos e reforço à rede de atendimento.
Malária ainda preocupa no mundo
Apesar desse avanço significativo, a malária ainda representa um desafio global. A doença, causada por parasitas do gênero Plasmodium e transmitida por mosquitos Anopheles, mata cerca de 600 mil pessoas todos os anos, sobretudo na África Subsaariana, segundo dados atualizados da OMS.
O êxito timorense serve de inspiração para outras nações que enfrentam surtos recorrentes da doença, mostrando que mesmo países com recursos limitados podem alcançar a eliminação por meio de estratégias eficazes e persistência.
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