Tragédia em Gaza: 20 mortos após caminhão de ajuda tombar sobre multidão

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O incidente ocorre um dia depois de Israel anunciar que voltará a permitir a entrada de mercadorias no território para comércio local após meses de bloqueio. Cenas de palestinos famintos, devido à proibição quase total da entrada de comida, desencadearam uma pressão internacional inédita sobre o Estado judeu.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA

 

Pelo menos 20 pessoas morreram nesta quarta-feira (6) na Faixa de Gaza após um caminhão de ajuda humanitária tombar sobre uma multidão desesperada por alimentos, segundo informações da Defesa Civil local, controlada pelo grupo Hamas. O incidente ocorreu na região central de Nuseirat, onde centenas aguardavam a distribuição de mantimentos.

O episódio acontece um dia após Israel anunciar a retomada da entrada de mercadorias destinadas ao comércio local em Gaza — medida vista como um alívio, embora parcial, depois de meses de bloqueio que agravaram uma das maiores crises humanitárias do conflito.

De acordo com o Hamas, embora os caminhões de ajuda estejam autorizados a entrar no território, as rotas impostas por Israel são deliberadamente perigosas e sobrecarregadas por civis famintos. O grupo afirma que isso contribui para cenas de caos, com pessoas se aglomerando e, em desespero, tomando o conteúdo dos veículos à força.

Procurado pela agência AFP, o Exército de Israel afirmou que ainda estava apurando os detalhes do ocorrido.

Segundo autoridades israelenses, os produtos atualmente autorizados para entrada incluem alimentos básicos, fórmula infantil, frutas, vegetais e itens de higiene pessoal. Os pagamentos devem ser feitos exclusivamente por transferências bancárias sob rígida supervisão. O COGAT — órgão do Ministério da Defesa de Israel responsável por questões civis nos territórios palestinos — declarou que o objetivo é ampliar a ajuda sem depender exclusivamente de organizações internacionais como a ONU.

Fome, sede e desespero: o colapso humanitário em Gaza

Apesar da retomada limitada das entregas, a situação em Gaza continua crítica. Famílias enfrentam diariamente longas jornadas em meio aos escombros da guerra para buscar água potável. A crise hídrica é tão alarmante quanto a alimentar, segundo relatórios de organizações como a Oxfam.

Bushra Khalidi, representante da ONG, alertou que o consumo médio de água por pessoa em Gaza caiu para entre 3 e 5 litros por dia — bem abaixo dos 15 litros recomendados em situações de emergência. Para efeito de comparação, a média no Brasil era de 154 litros diários por pessoa em 2018, enquanto nos EUA esse número ultrapassa os 350 litros.

A maior parte da água consumida em Gaza vem de poços contaminados por esgoto e produtos químicos, já que a infraestrutura de saneamento foi quase totalmente destruída. A dessalinização, operada por agências humanitárias, representa apenas uma fração do abastecimento. Embora Israel alegue operar dois dutos de água para o território, autoridades palestinas dizem que eles estão fora de operação há semanas.

Sem eletricidade e sem combustível, as bombas que retiram água dos aquíferos não funcionam, agravando a escassez.

“Buscar água virou missão de sobrevivência”

Moaz Mukhaimar, de 23 anos, era estudante universitário antes da guerra. Agora, sua rotina se resume a buscar água para a família. Ele caminha cerca de um quilômetro três vezes ao dia, puxando um carrinho de mão por estradas esburacadas até o pequeno acampamento onde vive com outras 19 pessoas.

“Esperamos horas na fila por um pouco de água. É uma luta diária para sobreviver”, relata. Sua mãe, Umm Moaz, de 53 anos, diz que a água mal dá para beber e cozinhar.

Cenas como essa se repetem por toda Gaza, onde quase toda a população vive em abrigos improvisados, sem acesso a banheiros, chuveiros ou água suficiente. A Oxfam alertou que doenças transmitidas pela água, como diarreia e hepatite, estão se espalhando rapidamente.

 

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