Alerta sobre o “pulmão de pipoca”: doença pulmonar grave e irreversível relacionada a químicos e vapes

Bronquiolite obliterante — um dano permanente aos pequenos brônquios provocado por substâncias como o diacetil — torna a prevenção essencial, principalmente diante dos riscos associados ao vaping.

Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

O termo “pulmão de pipoca” refere-se à bronquiolite obliterante, uma condição rara e grave que afeta os bronquíolos — os menores condutos aéreos dos pulmões — causando inflamação e formação de cicatrizes que bloqueiam a ventilação pulmonar. Esse dano é irreversível e a doença geralmente progride com sintomas constantes que não respondem a broncodilatadores, como ocorre na asma.

Sintomas característicos

Tosse seca persistente
Falta de ar, especialmente aos esforços
Chiado no peito e cansaço anormal
Agravamento dos sintomas ao longo de semanas ou meses

Em estágios avançados, pode ocorrer insuficiência respiratória e falência orgânica.

Causas e fatores de risco

1. Diacetil e outros químicos da aromatização

A bronquiolite obliterante foi inicialmente diagnosticada em trabalhadores de fábricas de pipoca de micro-ondas, que inalavam diacetil, um composto aromatizante de sabor amanteigado. Esse produto, ao ser inalado, provoca inflamação irreversível dos bronquíolos. Além do diacetil, outras substâncias presentes em líquidos de vape, como pentanediona e acetoin, também já foram identificadas em amostras de e-líquidos.

2. Outros agentes tóxicos e infecções

A bronquiolite obliterante também pode ser causada por:

Exposição ocupacional a substâncias como acetaldeído, formaldeído, óxidos metálicos e cloro
Infecções respiratórias graves, como pneumonia ou bronquite
Reações autoimunes e complicações pós-transplante de pulmão ou medula óssea

Relação com o vaping

Embora casos confirmados de “pulmão de pipoca” associados ao vaping sejam raros, o risco permanece. Muitos líquidos para cigarros eletrônicos já foram encontrados contendo diacetil ou substâncias semelhantes capazes de provocar esse tipo de dano. Médicos alertam que, embora o vaping seja considerado por alguns menos prejudicial que o cigarro tradicional, não é isento de riscos e pode levar a lesões pulmonares graves e permanentes.

Um exemplo que chamou atenção foi o de uma jovem de 25 anos diagnosticada com lesão pulmonar após uso intensivo de vape descartável. Exames indicaram acúmulo de substância oleosa nos pulmões, condição semelhante à bronquiolite obliterante.

Irreversibilidade e tratamentos disponíveis

A bronquiolite obliterante não tem cura, e os danos pulmonares são, na maioria dos casos, definitivos.

Tratamentos possíveis incluem:

Corticosteroides e imunossupressores para reduzir a inflamação e retardar a progressão
Oxigenoterapia ou ventilação mecânica em casos graves; em situações extremas, transplante pulmonar
Manejo sintomático com inaladores, supressores de tosse e antibióticos para prevenir infecções secundárias

Prevenção é a chave

Evite o uso de vapes, especialmente líquidos saborizados ou não regulamentados
Prefira produtos certificados como livres de diacetil, lembrando que outros compostos ainda podem ser prejudiciais
Reduza ou interrompa o hábito, buscando apoio médico se necessário
Evite exposição a vapores de segunda mão, que contêm nicotina, partículas ultrafinas, diacetil, benzeno e outras substâncias nocivas

A bronquiolite obliterante, ou “pulmão de pipoca”, é uma doença rara, grave e irreversível, frequentemente causada pela inalação de substâncias tóxicas como o diacetil. Embora casos diretamente ligados ao vaping ainda não sejam totalmente comprovados, a presença de compostos potencialmente perigosos em líquidos eletrônicos é real. Diante disso, a prevenção é a melhor estratégia para proteger a saúde pulmonar.

Se você apresenta sintomas persistentes como tosse seca, falta de ar ou cansaço, procure atendimento médico o quanto antes. O diagnóstico precoce pode ajudar a evitar a progressão da doença.