“Rei do Rebaixamento” é extraditado ao Brasil após manipular resultados de 42 clubes

Foto: Reprodução.
Preso em Dubai desde 2024, “Rei do Rebaixamento” afirmou à CPI ter rebaixado 42 clubes e está detido em Brasília após operação com apoio da Interpol
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

A Polícia Federal confirmou nesta segunda-feira (1º) a extradição de William Pereira Rogatto, conhecido como o “Rei do Rebaixamento”, acusado de liderar um dos maiores esquemas de manipulação de resultados do futebol brasileiro.

Ele foi preso em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em novembro de 2024, e transferido para o Brasil na última sexta-feira (30), em operação conjunta com a Interpol. Rogatto já está detido em Brasília e deve responder por crimes como associação criminosa, estelionato e corrupção no esporte.

A prisão é considerada um marco nas investigações sobre fraudes esportivas no país. Rogatto, de 34 anos, chegou a afirmar em depoimento à CPI da Manipulação de Jogos e Apostas, no Senado, que participou diretamente do rebaixamento de 42 clubes, movimentando cerca de R$ 300 milhões em esquemas ligados a apostas esportivas,  envolvendo atletas, árbitros e dirigentes.

Esquema milionário e confissão pública

Durante depoimento em outubro de 2024, Rogatto se declarou “réu confesso” e descreveu detalhes de seu modus operandi, que consistia em se aproximar de clubes em dificuldades financeiras, oferecendo suporte técnico e financeiro em troca do controle de resultados.

Um dos casos confessados envolveu o rebaixamento do Santa Maria-DF no Candangão 2024. Segundo ele, jogadores promissores eram prometidos ao clube, mas substituídos por atletas sem condição de jogo.

O empresário afirmou ainda que o esquema se estendia por todos os estados brasileiros e outros nove países, com apoio de casas de apostas. “Quando uma bet patrocina o seu clube, automaticamente o jogador se transforma em aposta”, declarou na CPI.

Ele também revelou que pagava valores muito acima dos salários de mercado para corromper árbitros e jogadores. “Eu pagava R$ 50 mil por um gol. Um árbitro ganha R$ 7 mil. É desproporcional.”

“Sistema falho” e atuação dentro das federações

Rogatto afirmou que o sistema de manipulação é antigo e enraizado nas estruturas do futebol, citando nomes de políticos e integrantes de federações.

“Os grandes não vão cair nunca. Estamos falando de dentro da CBF, de dentro das federações. Tenho provas e vídeos”, disse. Apesar das confissões, demonstrou ceticismo quanto à punição de agentes mais poderosos envolvidos: “Vai fazer vítimas do sistema e, no final, não vai acabar.”

Segundo ele, a entrada no “sistema” era feita por meio de secretarias de Esporte e acordos com dirigentes regionais. “Eu sempre procurei entrar pelas beiradas. Pegava clube quebrado e dizia: ‘Vamos subir, vamos ser campeões’. E fazia o contrário”, confessou.

Operações e investigações em andamento

A atuação de Rogatto já era alvo de apurações em diferentes estados antes mesmo da sua aparição no Senado. Ele havia sido investigado por manipulação de jogos na Série A3 do Campeonato Paulista e foi um dos alvos da Operação VAR, deflagrada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em novembro de 2024.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também apura irregularidades no Candangão 2024 e já deflagrou operações específicas relacionadas ao esquema de Rogatto, investigando ligações com casas de apostas e movimentações financeiras suspeitas.

Com a extradição, a expectativa das autoridades é aprofundar as investigações e responsabilizar outros envolvidos no esquema. A defesa de Rogatto ainda não se manifestou sobre a prisão no Brasil.

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