
Aprovado recentemente, o medicamento atua na redução da progressão dos sintomas e representa um avanço no cuidado com pacientes diagnosticados precocemente
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
O Kisunla (donanemabe), primeiro medicamento destinado a tratar comprometimento cognitivo leve ou demência leve no início do Alzheimer, começará a ser oferecido em algumas clínicas e hospitais particulares no Brasil, sem previsão de chegada ao SUS. O tratamento é indicado apenas para pacientes em estágio inicial da doença.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento em abril. Fabricado pela Eli Lilly, o Kisunla é um anticorpo monoclonal que atua na redução de placas beta-amiloide no cérebro, sendo o terceiro medicamento anti-amiloide capaz de alterar o curso da doença a longo prazo. Diferentemente de tratamentos que aliviam sintomas como perda de memória ou alterações comportamentais, o Kisunla tem como objetivo retardar a progressão do Alzheimer.
Estudos realizados em oito países com 1.736 pacientes mostraram que o medicamento reduziu a progressão da doença em até 39%, retardou o declínio clínico em 35% e removeu placas beta-amiloide em 76% dos pacientes após 18 meses. Apesar de os especialistas considerarem o efeito estatisticamente significativo, o impacto clínico ainda é classificado como modesto.
O Kisunla é administrado via injeção mensal e será vendido em frascos de 20 ml, sob prescrição médica. A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) definiu preço máximo de R$ 5.495,76 por frasco, mas clínicas privadas devem cobrar valores superiores para incluir consultas, exames e materiais. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a rede Alta Diagnóstico da Dasa começará a comercializar o tratamento a partir de R$ 8.000, incluindo todo o atendimento médico.
Entre os efeitos colaterais mais comuns estão mal-estar, tremores e calafrios, geralmente leves e transitórios. Os médicos alertam, no entanto, para alterações de imagem relacionadas ao tratamento anti-amiloide (ARIA), que podem incluir edema cerebral ou microssangramentos. O medicamento não é recomendado para pacientes portadores dogene ApoE ε4, que apresentam maior risco de efeitos adversos. Por isso, monitoramento rigoroso com exames de imagem é essencial durante o início do tratamento.
Segundo Raphael Spera, neurologista do Hospital Sírio-Libanês, a aprovação de novos medicamentos para Alzheimer após quase 20 anos traz otimismo à comunidade médica e aos pacientes.
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