Resistência bacteriana a antibióticos coloca medicina moderna em risco

Image Credit: Double Brain/Shutterstock.com
Novo relatório global mostra aumento alarmante da resistência bacteriana — com cepas de E. coli e K. pneumoniae ultrapassando 70% de resistência na África — e aponta falhas graves em sistemas de saúde de países emergentes
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) soou o alarme nesta segunda-feira (13) ao divulgar o Relatório Global de Vigilância da Resistência aos Antibióticos 2025. O documento revela um cenário preocupante: uma em cada seis infecções bacterianas no mundo já resiste a tratamentos com antibióticos, ameaçando neutralizar avanços médicos conquistados nas últimas décadas. A agência da ONU alerta que o fenômeno está crescendo rapidamente, sobretudo em regiões com sistemas de saúde fragilizados, como Sudeste Asiático, Mediterrâneo Oriental e África.

De acordo com o relatório, a resistência antimicrobiana aumentou em mais de 40% das combinações de patógeno e antibiótico monitoradas entre 2018 e 2023, com uma taxa de crescimento anual que varia entre 5% e 15%. Em locais onde o acesso a diagnóstico e tratamento é limitado, o uso indiscriminado de medicamentos e a automedicação têm acelerado o problema.

As bactérias E. coli e Klebsiella pneumoniae, principais agentes de infecções urinárias, gastrointestinais e sanguíneas, já mostram resistência superior a 40% em nível global — e ultrapassam 70% em países africanos. Essas cepas resistentes são particularmente perigosas porque estão associadas à sepse, falência de órgãos e morte, tornando obsoletos alguns dos antibióticos mais usados na medicina moderna.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que a resistência aos antibióticos ameaça os pilares da medicina contemporânea. “Sem antibióticos eficazes, transplantes de órgãos, quimioterapia e até cesarianas se tornam procedimentos de alto risco”, alertou. Ele reforçou a necessidade de uso responsável de medicamentos, acesso universal a diagnósticos de qualidade e fortalecimento dos sistemas de vigilância.

A organização também chama atenção para as bactérias Gram-negativas, que estão se tornando cada vez mais resistentes. O uso excessivo de antibióticos de “último recurso”, como os carbapenêmicos, tem contribuído para o surgimento de cepas quase impossíveis de tratar.

Apesar de avanços, o progresso global ainda é considerado insuficiente. Em 2023, apenas 52% dos países membros da OMS reportaram dados confiáveis ao Sistema Global de Vigilância da Resistência e do Uso de Antimicrobianos (Glass). Muitos dos que enviaram informações apresentaram lacunas graves na coleta e no controle de qualidade dos dados.

A OMS pede que até 2030 todos os países melhorem a cobertura geográfica, a confiabilidade dos relatórios e a coordenação entre os setores da saúde humana, animal e ambiental — abordagem conhecida como Saúde Única.

Especialistas alertam que, sem ações urgentes, o mundo pode entrar em uma era “pós-antibióticos”, na qual infecções simples voltariam a ser potencialmente fatais.

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