
Bolivianos enfrentam crise econômica e social após duas décadas de governos esquerdistas e esperam por mudanças com o novo líder
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Bolívia elegeu neste domingo (19/10/2025) Rodrigo Paz Pereira, do Partido Democrata Cristão (centro-direita), como seu novo presidente, encerrando duas décadas de governo do MAS (Movimento ao Socialismo). Paz obteve 54,6% dos votos no segundo turno, derrotando Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Livre (direita), que ficou com 45,39%, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral do país.
A vitória representa uma mudança histórica na política boliviana, marcada por governos de Evo Morales e Luis Arce desde 2006. A população, preocupada com a alta inflação (23,32% em setembro), reservas cambiais baixas e falta de combustíveis e produtos básicos, buscou renovação diante da crise econômica e da baixa popularidade do governo anterior.
Quem é Rodrigo Paz Pereira
Rodrigo Paz, 58 anos, nasceu em Santiago de Compostela, na Espanha, durante o exílio de sua família. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), iniciou sua carreira política no início dos anos 2000. Ele já ocupou cargos como senador e prefeito de Tarija, em 2015 e 2020.
Formado em relações internacionais, com especialização em economia e mestrado em gestão política pela American University, em Washington D.C., Paz defende um modelo que ele chama de “capitalismo para todos”, com foco em:
• Formalização da economia
• Combate à corrupção
• Reformas institucionais para limitar reeleições
• Fortalecimento da Justiça
Segundo a internacionalista Angela Villarrorel Magalhães, mestranda em relações internacionais pela UnB, “O novo presidente herdará um país socialmente dividido, economicamente pressionado e politicamente fragmentado. O MAS, ainda que enfraquecido, mantém forte capacidade de mobilização nas áreas rurais e indígenas. A divisão do eleitorado — entre campo e cidade, entre memória e renovação — será um desafio”.
Campanha e cenário eleitoral
Rodrigo Paz venceu o primeiro turno com 32,14% dos votos, embora não liderasse as intenções de voto em pesquisas divulgadas poucos dias antes da eleição. Cerca de 20% do eleitorado ainda não havia decidido seu voto, refletindo incerteza diante da crise econômica e social do país.
A Bolívia adota um sistema de votação em papel com contagem manual, diferente de outros países sul-americanos que utilizam urnas eletrônicas, o que acrescenta lentidão e atenção extra ao processo de apuração.
Desafios à frente
O novo governo enfrenta um cenário complexo:
• Divisão política e social, com um eleitorado urbano e rural polarizado
• Inflação alta e escassez de produtos essenciais, prejudicando famílias e empresas
• Riscos econômicos e instabilidade fiscal, com reservas cambiais limitadas
• Possível resistência política, já que o MAS ainda mantém base significativa em áreas rurais
Angela Villarrorel ressalta: “Se o ciclo do MAS representou uma ruptura com o neoliberalismo dos anos 1990, a nova etapa talvez mostre que a história boliviana não se move em linha reta, mas em espirais onde o passado insiste em reaparecer.”
Rodrigo Paz Pereira assume a presidência diante de um país pressionado economicamente e socialmente, precisando equilibrar expectativas de renovação política e soluções concretas para a crise econômica, ao mesmo tempo em que mantém estabilidade diante de um eleitorado dividido.
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