Relatório dos EUA aponta que Putin autorizou a adoção de crianças ucranianas sequestradas

Documento revela que centenas de menores foram retirados de suas famílias e enviados à Rússia sob manobras legais.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA 

Um relatório da Universidade de Yale, divulgado na última terça-feira (3), acusa o presidente russo Vladimir Putin e altos membros do Kremlin de supervisionarem um esquema de adoção forçada envolvendo crianças ucranianas das regiões ocupadas de Donetsk e Lugansk. Segundo a investigação, que levou 20 meses para ser concluída, ao menos 314 menores, com idades entre 2 e 17 anos, foram transferidos para 21 localidades na Rússia desde o início da guerra em fevereiro de 2022.

O estudo indica que o programa foi sustentado por apoio financeiro direto do Kremlin e executado em colaboração com autoridades das áreas sob ocupação russa. Além disso, mudanças na legislação russa permitiram que crianças transferidas perdessem automaticamente a cidadania ucraniana, enquanto ganhavam a nacionalidade russa por decisão dos tutores.

Uso político e denúncias internacionais

Organizações como a Bring Kids Back UA, que atua sob apoio do governo ucraniano, estimam que cerca de 20 mil crianças foram levadas ilegalmente para a Rússia durante o conflito. “Muitas dessas crianças não são órfãs, elas têm pais na Ucrânia”, afirma Daria Zarivna, conselheira do gabinete do presidente ucraniano. Zarivna também destacou casos de crianças enviadas a campos na Crimeia, onde recebem “educação patriótica” e são impedidas de usar símbolos ou falar a língua ucraniana.

A ministra da Justiça da Ucrânia, Olha Stefanishyna, enfatizou a importância da investigação para responsabilizar os envolvidos e resgatar as crianças. “Essas informações são importantes para entendermos como cada uma delas sofreu com a agressão russa e tentar rastreá-las. Será um dos instrumentos de Justiça para trazê-las de volta”, declarou.

Em resposta às denúncias, o Kremlin nega qualquer irregularidade, alegando que as adoções fazem parte de esforços humanitários para proteger menores em áreas de conflito.

Condenações e busca por justiça

O Tribunal Penal Internacional já havia emitido, em março de 2023, mandados de prisão contra Putin e Maria Lvova-Belova, comissária russa para os direitos das crianças, acusada de adotar pessoalmente uma criança ucraniana. Segundo o relatório, Lvova-Belova é uma figura-chave no programa e teria forçado menores a participarem de eventos pró-Rússia.

Nathaniel Raymond, diretor do Laboratório de Pesquisa Humanitária de Yale, reforçou a gravidade da situação: “Precisamos protegê-las. Elas não podem ser reféns nem serem usadas como moeda de troca.”

Enquanto isso, esforços continuam para devolver as crianças ao território ucraniano. Até o momento, 1.022 menores foram resgatados, mas muitos permanecem desaparecidos em meio às manobras legais e à desinformação promovida pelas autoridades russas. Uma sessão especial no Conselho de Segurança da ONU ocorrerá nesta quarta-feira (4), onde os dados do relatório serão apresentados.

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