“Não há mandado de busca”, diz embaixador sobre prisão de Zambelli na Itália

Deputada se mantém em liberdade na Europa, enquanto autoridades enfrentam obstáculos jurídicos para uma possível extradição.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA

A deputada federal afastada Carla Zambelli (PL-SP) permanece na Itália amparada por sua cidadania europeia e por normas legais que dificultam qualquer tentativa de prisão imediata. A posição foi reconhecida pelo embaixador do Brasil no país, Renato Mosca, ao comentar os trâmites envolvendo o caso.

Segundo o diplomata, o simples fato de saber onde a parlamentar está não é suficiente para justificar uma ação da polícia italiana. “Mesmo que haja o conhecimento de que ela estaria em determinado local, dentro de uma casa, não há mandado de busca. A polícia [italiana] não pode entrar dentro de uma casa para retirá-la e prendê-la. Ela terá de ser presa no momento em que estiver em local público. Isso dificulta a situação, mas não há outro caminho”, afirmou em entrevista à imprensa.

Zambelli viajou legalmente para a Itália utilizando o passaporte italiano — documento que possui por direito, devido à sua dupla nacionalidade. O ingresso no país ocorreu antes de qualquer notificação da Interpol, o que inviabilizou qualquer bloqueio ou impedimento na imigração.

A declaração do embaixador lança luz sobre a complexidade do processo, destacando que o Brasil precisa aguardar os trâmites exigidos pelas convenções internacionais. “Temos 14 processos de extradição em tramitação na Itália desde 2024, quatro são indivíduos de dupla nacionalidade. Neste ano já tivemos a extradição de um ítalo-brasileiro. A cidadania italiana não torna intocáveis as pessoas em dívida com a Justiça”, explicou.

Ainda que o caso da parlamentar brasileira tenha repercussão, o próprio representante diplomático sinalizou que o procedimento de extradição não é automático e pode se estender. “Há uma série de elementos que contribuem para que esse caso da deputada tenha um desfecho favorável. Não ao Brasil ou à Itália, mas à Justiça”, disse, em tom moderado.

Ao ser questionado sobre possíveis articulações políticas no cenário europeu, Mosca descartou que afinidades ideológicas interfiram na condução do processo. “Não vejo afinidade entre um governo dedicado ao combate ao crime e uma pessoa condenada com amplo direito de defesa por crimes tipificados. Crimes cibernéticos, de invasão de sistemas, têm máxima relevância na Itália”, afirmou.

Apesar das declarações, a situação reforça o entendimento de que Carla Zambelli, como cidadã europeia, não cometeu qualquer irregularidade ao circular pelo continente e tampouco está fora da legalidade. A interlocução entre os países segue, mas sempre dentro dos limites legais impostos por tratados internacionais e pela legislação italiana.

Assim, enquanto a imprensa e setores políticos brasileiros pressionam por uma resposta rápida, o caso segue um curso mais técnico e distante de decisões impulsivas. A parlamentar permanece amparada pela legalidade internacional — algo que, diante do cenário atual, não pode ser ignorado.

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