GNEWSUSA Apura: Desmistificando notícias falsas sobre o desafio da violência no Brasil

Tiroteios em Recife aumentam em 57% no mês de Setembro, em relação ao mesmo período em 2022, /Imagem da Web

Instituto Fogo Cruzado aponta aumento de disparos de armas em Recife, capital de Pernambuco, estado governado por Raquel Lyra (PSDB)

Por Nicole Cunha e Gilvania Alves | GNEWSUSA

 

No cenário de segurança pública no Brasil, os índices de violência são uma pauta constante de preocupação. Nos últimos anos, o país enfrentou desafios significativos, com variações notáveis em diferentes estados.

Apuração do GNEWS aponta a redução de mortes violentas entre 2019 e 2022 no cenário nacional, o aumento de disparos de armas em Pernambuco, governado por Raquel Lyra (PSDB) com apoio do Presidente Lula (PT), como também histórico político e redução no Rio de Janeiro, governado por Cláudio Castro (PL).

 

Governadores mais recentes do Rio de Janeiro

No cenário político, o ex-governador Sérgio Cabral, condenado a 10 anos de prisão por corrupção, manifestou sua intenção de retornar à vida política, apresentando novos desafios ao estado. Entretanto, uma reviravolta jurídica, a 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RJ e ES) revogou a última ordem de prisão domiciliar contra o ex-governador do Rio de Janeiro, adicionando turbulência à política estadual.

Dados do TSE mostram que nas Eleições 2022 Votaram em branco 1,61% das pessoas; outras 2,96% anularam o voto. A abstenção foi de 22,72%.

Wilson Witzel assumiu o posto em 2018 após Cabral, mas enfrentou um processo de impeachment em 2021, tornando-se o 1º Governador do Estado do Rio de Janeiro a ser destituído, ficando inelegível mesmo desejando retornar à vida política. Por essa razão, Cláudio Castro (PL) assumiu o cargo, e agora anuncia implementação de medidas contra milícias no estado.

Cláudio Castro então se candidatou para reeleição em 2022 e, de acordo com o dados do TSE, recebeu 58,27% dos votos válidos de 95,11% das urnas.

O atual governador foi reeleito com maioria de votos não só em “territórios controlados por milícias”, mas no Rio de Janeiro como um todo.

 

Dados violência no Rio

Diferente da matéria do portal Contee, que voltou a circular recentemente, o aumento do território dominado por organizações criminosas não se deu apenas entre 2019-2022. Mais adiante o aumento de 387% no período entre 2006 e 2022 será contextualizado.

Os dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) também indicam uma diminuição nas mortes por intervenção de agentes do estado em 2022, com uma redução de 2%. Roubo de carga, roubo de rua e roubo de veículo tiveram variações distintas, o encerramento do ano marcou também o menor número de crimes contra a vida em 31 anos.

Dados de acordo com a Segurança Pública (ISP)

No Rio de Janeiro, durante setembro de 2023, o Instituto Fogo Cruzado relatou uma queda de 17% nos tiroteios em comparação com o mesmo mês de 2022. Além disso, houve uma notável redução de 60% nos tiroteios em ações e operações policiais.

A questão das Milícias

Em 2006, as milícias estavam em ascensão nas comunidades cariocas, prometendo segurança e estabilidade. No entanto, ao longo dos anos, esses grupos expandiram agressivamente seus territórios, mergulhando o estado em uma crise de segurança.

Contee publicou, erroneamente, que o aumento se deu durante Governo Bolsonaro, e mandato de Cláudio Castro.

De acordo com estudo de 2019 publicado pela Universidade Federal Fluminense, mostra que a milícia já controlava 25,5% dos bairros da capital do Rio, e começou a se articular no início dos anos 2000, enquanto o Comando Vermelho, ocupava 24,2% dos bairros, e outras facções como o Terceiro Comando (8,1%) e Amigo dos Amigos (1,9%) já estavam formados desde o início da década de 90. A pesquisa foi publicada pela UFF em 2022, no entanto, os números da pesquisa são do ano 2019.

Recentemente, a morte do miliciano Faustão em 23 de outubro desencadeou represálias, incluindo o incêndio de quase 40 ônibus na cidade do Rio de Janeiro. Castro alega que ações estão sendo tomadas para enfraquecer tanto as milícias quanto o tráfico.

O pessoal fala em milícia, milícia, milícia. Estamos trabalhando no enfraquecimento dela. Isso acaba sendo um efeito colateral. A milícia ficou tão enfraquecida, graças a nosso trabalho, que o tráfico está tentando invadir. A gente está combatendo o tráfico também“, diz Castro.

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Fruto de convênio entre o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI/UFF), o datalab Fogo Cruzado; o Núcleo de Estudos da Violência da USP; a plataforma digital Pista News e o Disque-Denúncia, o Mapa dos Grupos Armados do Rio de Janeiro foi coordenado pelos pesquisadores Daniel Hirata, Maria Isabel Couto, Renan Silva, Erik Gomes Nieto e Walkir Alexandre Toscano de Brito.

Em resumo, o Rio de Janeiro enfrenta uma situação crítica de segurança após 16 anos de crescimento do crime. À medida que as milícias expandem sua influência e o cenário político permanece turbulento, a busca por soluções eficazes torna-se cada vez mais premente para o estado.

 

Aumento de 57% de disparos de armas em Pernambuco

Ainda de acordo com o Instituto Fogo Cruzado, em setembro de 2023, a capital pernambucana Recife, testemunhou um aumento de 57% nos tiroteios com a participação policial em comparação com o mesmo período de 2022. Nesse mês, 162 tiroteios/disparos de arma de fogo ocorreram na região metropolitana do Recife, um aumento de 41% em relação a setembro de 2022.

Os altos índices de violência e a insegurança vivida pelos pernambucanos, nos últimos anos, são um dos grandes desafios a serem enfrentados pelo nosso governo. Por isso, a segurança pública é uma das nossas prioridades.”, afirmou a governadora Raquel Lyra, em publicação na rede X em julho desse ano.

Ao todo, 173 pessoas foram baleadas no Grande Recife, representando um aumento de 51% nas mortes e 7% nos feridos em comparação com setembro de 2022, continuando no meio virtual a promessa de melhorias na segurança pública do estado.

 

Cenário Nacional

Entre divergências calorosas sobre liberação do porte de armas de fogo à população ou não, torna-se complicado medir os efeitos na segurança pública.

Matéria do O Globo em Fevereiro de 2022.

Um artigo publicado pelo jornal O Globo relatou que “Tribunais de Justiça de todo o país identificou CACs que integram milícias e grupos de extermínio”, apontando o aumento da munição para centros de treinamento e prática de tiro como fator determinante para o crescimento desses grupos.

Por outro lado, a liberação do porte de armas para população não só proporciona meios de defesa e escolha ao povo, mas também facilita o monitoramento das armas. Como citado pelo O Globo, os grupos que cometeram delitos em 2022 possuíam e registro, foram rastreados, processados, e os materiais apreendidos.

 

Gráficos do IPEA

Sobre o fator segurança, existem muitas variantes para determinar se a política de liberação de armas melhoraria ou não a questão de redução ou aumento de mortes por armas de fogo, sendo necessário mais que apenas 4 anos para obter dados conclusivos. Entretanto, violência não se dá apenas com uso de armas de fogo legalizadas.

Analisando o gráfico do IPEA, houve um aumento significativo na taxa de homicídios por armas de fogo em boa parte dos estados brasileiros após a implementação do Estatuto do Desarmamento, em 2003. Podendo ser observado aumento nos casos, mesmo após a Campanha do Desarmamento, realizada em 2004.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, o Brasil registrou 47.508 mortes violentas intencionais, representando uma queda de 2,4% em relação a 2021. No entanto, o país ainda enfrenta desafios significativos em relação à segurança, marcados por diferenças regionais e questões sociais.

Em suma, o cenário de violência no Brasil é complexo e multifacetado, com diferentes estados apresentando resultados contrastantes. A busca por soluções eficazes continua a ser um desafio para as autoridades e a sociedade como um todo.

Sobre Nicole Cunha 228 Artigos
Nicole Cunha é jornalista e profissional com uma década de experiência em atendimento e formação em Gestão Comercial. É responsável no GNEWSUSA por informações do meio político e atualidades, com o objetivo de trazer conhecimentos de forma dinâmica e de simples compreensão.

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