
Caso de Josseli Barnica, que faleceu após espera de 40 horas por assistência, revela impacto da legislação restritiva e expõe dilemas de médicos.
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Poucos dias após a promulgação de uma legislação que veta a realização de abortos após seis semanas de gestação no estado do Texas, foi registrada a trágica morte de Josseli Barnica, uma mulher de 28 anos, devido a complicações relacionadas a um aborto espontâneo.
Especialistas analisaram o caso e qualificaram a morte de Josseli como “evitável”. Sua falência saudável marca a terceira fatalidade de uma mulher nos últimos anos em decorrência da restrição do acesso a abortos legais ou da demora no atendimento médico de emergência.
Contextualização do Caso
A sequência dos eventos começou no dia 2 de setembro de 2021, quando Barnica, que já era mãe de uma menina de quatro anos, apresentou-se a um hospital com intensas cólicas, já na 17ª semana de gestação. No dia seguinte, seu quadro se agravou, e um médico diagnosticou que um aborto espontâneo estava “em progresso”. Para complicar a situação, outro profissional de saúde afirmou que o aborto espontâneo era “inevitável”.
Em um exame posterior, constatou-se que o colo do útero de Barnica havia se dilatado em quase 9 centímetros. Esta condição a deixava suscetível a infecções perigosas e de rápida progressão. Em condições normais, os médicos costumam oferecer medicações para acelerar o parto, ou realizar um procedimento cirúrgico visando esvaziar o útero.
A ambiguidade da Legislação
A nova legislação texana permite abertamente a possibilidade de abortos em “emergências médicas”. No entanto, especialistas alertam que o termo “emergência médica” não é claramente delimitado na lei, o que gera incerteza quanto à validade e ao momento apropriado para a realização de intervenções médicas necessárias.
Quase 40 horas após a primeira consulta médica, e na ausência de sinais de comprometimento cardíaco fetal, o parto foi finalmente induzido, resultando na remoção do feto. No entanto, mesmo após o procedimento, Barnica foi readmitida ao hospital poucos dias depois, apresentando um quadro de sepse severa. Infelizmente, ela não conseguiu sobreviver devido a essa infecção crítica.
Críticas ao Atendimento Médico
Após a morte de Josseli, especialistas consultados pela ProPublica expressaram que a falta de agilidade no atendimento foi contrária aos protocolos médicos estabelecidos, afirmando que, caso tivesse recebido o tratamento adequado de maneira mais rápida, sua vida poderia ter sido poupada. Até o momento, não houve respostas dos médicos envolvidos sobre os desdobramentos deste caso trágico.
Esse incidente levanta questões preocupantes sobre a eficácia e a segurança dos cuidados de saúde reprodutiva em um contexto de legislação restritiva, evidenciando a urgência de se discutir o impacto das políticas sobre a vida das mulheres e a necessidade de um sistema de saúde mais acessível e claro em suas diretrizes.
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