
ONGs denunciam negligência no resgate e tragédia expõe o aumento de mortes na rota migratória para as Ilhas Canárias.
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Cerca de 50 imigrantes da África Ocidental desapareceram e são considerados mortos após tentarem atravessar o Atlântico rumo à Espanha. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (16) pela organização de direitos humanos Walking Borders. O barco, que partiu da Mauritânia em 2 de janeiro, ficou à deriva por dias sem ser resgatado, de acordo com relatos da ONG.
Na última quarta-feira (15), autoridades marroquinas resgataram 36 pessoas de um dos barcos em perigo e encontraram outros 86 imigrantes, incluindo 66 cidadãos do Paquistão, em uma segunda embarcação.
Travessia Atlântica: uma rota mortal
Segundo a Walking Borders, o ano de 2024 foi o mais mortal para imigrantes que tentam chegar à Espanha, com um total de 10.457 mortes registradas – uma média de 30 pessoas por dia. A maioria das vítimas vinha de países da África Ocidental, como Mauritânia e Senegal, e optava por enfrentar as condições extremas da rota do Atlântico em busca de melhores oportunidades nas Ilhas Canárias.
A travessia é conhecida por ser uma das mais perigosas do mundo, devido às embarcações improvisadas e às condições adversas do oceano, mas continua sendo uma alternativa para aqueles que não encontram outras rotas viáveis para migrar.
ONGs denunciam negligência das autoridades
A Alarm Phone, organização que oferece suporte emergencial a imigrantes no mar, afirmou ter informado as autoridades espanholas sobre o barco desaparecido no dia 12 de janeiro, mas nenhuma ação foi tomada de imediato.
Helena Maleno, CEO da Walking Borders, afirmou que 44 das vítimas desaparecidas eram do Paquistão e criticou a falta de resposta das autoridades.
“Eles passaram 13 dias de angústia, à deriva no mar, sem que ninguém viesse resgatá-los”, publicou Maleno em sua conta no X (antigo Twitter).
Líder das Ilhas Canárias cobra ação internacional
O presidente das Ilhas Canárias, Fernando Clavijo, expressou sua tristeza pela tragédia e fez um apelo às autoridades da Espanha e da União Europeia para que ajam com urgência.
“O Atlântico não pode continuar sendo o cemitério da África. Não podemos continuar ignorando esse drama humanitário”, escreveu Clavijo no X.
Crescimento da crise migratória
A falta de políticas eficazes para lidar com a crise migratória tem levado um número crescente de pessoas a arriscar suas vidas no mar. A repressão nas fronteiras terrestres e no Mediterrâneo, aliada às condições de pobreza extrema nos países de origem, deixa muitos sem alternativas seguras para migrar.
ONGs e ativistas pedem ações coordenadas entre os governos africanos e europeus, incluindo:
•Rotas legais para imigração;
•Monitoramento marítimo eficiente;
•Operações de resgate rápidas e eficazes.
Sem essas medidas, alertam os especialistas, o número de mortes na travessia do Atlântico continuará a crescer, transformando o oceano em um símbolo de tragédias evitáveis.
A crise humanitária expõe a necessidade de uma resposta urgente e coordenada para evitar que mais vidas sejam perdidas.
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