
Durante encontro em Brasília, pasta apresentou novas iniciativas de vigilância, comunicação responsável e fortalecimento da rede de cuidados, com foco na prevenção do suicídio e atenção a grupos vulneráveis
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O Ministério da Saúde do Brasil apresentou, nesta segunda-feira (29), em evento híbrido realizado em Brasília (DF), um pacote de medidas para reforçar as políticas públicas de saúde mental e ampliar a prevenção do suicídio no país. A iniciativa reuniu autoridades do governo, especialistas, representantes do SUS, pesquisadores, estudantes e organizações parceiras, destacando a importância da vigilância, do cuidado integral e da comunicação responsável no enfrentamento do problema.
Panorama da saúde mental no Brasil e no mundo
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano no mundo. No Brasil, foram registradas mais de 17 mil mortes por suicídio em 2023 e cerca de 170 mil tentativas ou autoagressões, tornando-se a terceira principal causa de óbito entre jovens e adultos de 15 a 39 anos.
Homens têm risco quase quatro vezes maior de morrer por suicídio, enquanto as mulheres registram mais tentativas não letais.
Medidas apresentadas pelo Ministério da Saúde
A secretária da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS), Mariângela Simão, ressaltou a importância dos dados para orientar as ações:
“Medir aquilo que valorizamos é essencial. Quando conseguimos apresentar dados confiáveis sobre suicídio, podemos criar ações integradas no sistema de saúde, trabalhar com organizações internacionais e fortalecer mecanismos de alerta e serviços de atendimento”, afirmou.
Entre as iniciativas destacadas, estão:
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Vigilância e prevenção: políticas como a Política Nacional de Redução da Mortalidade por Acidentes e Violências e a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e Suicídio (2019). Desde 2019, a violência autoprovocada é de notificação obrigatória, permitindo intervenções mais rápidas e eficazes.
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Pesquisas nacionais: programas como o Viva Inquérito, que coleta dados sobre violências e acidentes, e o estudo piloto da I Pesquisa Nacional de Saúde Mental, em fase de preparação.
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Capacitação profissional: treinamentos de equipes de saúde para identificar sinais de risco, acolher pacientes e atuar na rede de atenção psicossocial, hospitais e unidades de atenção primária.
Comunicação responsável como ferramenta de prevenção
Outro eixo destacado foi a comunicação responsável. Durante o encontro, o ministério lançou a versão traduzida do manual da OMS “Prevenção do suicídio: um manual para profissionais da mídia”, que orienta jornalistas a abordarem o tema de forma ética e sem sensacionalismo.
Também foi apresentado um folder informativo, direcionado ao público em geral, que orienta familiares, amigos e colegas a:
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ouvir sem julgamentos;
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oferecer segurança e apoio;
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identificar sinais de alerta, como falas sobre morte, isolamento ou mudanças bruscas de comportamento;
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incentivar a busca por atendimento profissional.
“Com iniciativas como a tradução deste manual e a atuação integrada das equipes do Ministério da Saúde, estamos fortalecendo a prevenção do suicídio e promovendo a saúde mental de forma ampla e responsável”, afirmou Letícia Cardoso, diretora do Departamento de Análise Epidemiológica e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis.
Integração entre ministérios e metas futuras
O encontro também destacou a atuação de um comitê gestor interministerial, responsável por desenvolver a agenda estratégica 2026-2030, que integra ações de vigilância, prevenção e promoção da saúde mental, com prioridade para grupos mais vulneráveis, como jovens, populações indígenas e pessoas em situação de vulnerabilidade social.
Segundo Cardoso, a notificação de casos no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) é essencial para acionar redes de cuidado de forma ágil:
“A vigilância é o primeiro passo para acionar uma rede de cuidado qualificado para as pessoas que precisam”, destacou.
A iniciativa faz parte do “Setembro Amarelo”, campanha global de conscientização sobre a prevenção do suicídio. O Ministério da Saúde reforçou que os esforços apresentados não se restringem ao mês de setembro, mas visam consolidar políticas públicas permanentes para garantir acesso a serviços de saúde mental, reduzir desigualdades no atendimento e salvar vidas.
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