
Presidente brasileiro reforça parceria com regime de Moscou e critica política tarifária de Trump, sem tocar no déficit bilionário com os russos.
Por Gilvania Alves|GNEWSUSA
Em solo russo, Luiz Inácio Lula da Silva decidiu usar o palco internacional para criticar Donald Trump, ao mesmo tempo em que ignorou os prejuízos causados à economia brasileira pela própria Rússia. Em encontro com Vladimir Putin, o petista atacou as medidas adotadas pelo presidente americano, enquanto adotou um tom amistoso com o líder russo, acusado de crimes de guerra.
Durante seu discurso, Lula condenou as tarifas comerciais impostas por Trump, como as que afetam o aço, o alumínio e uma ampla gama de produtos. Segundo ele, essas ações representam um retrocesso para o comércio internacional:
“As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos EUA de taxação de comércio com todos os países do mundo de forma unilateral joga por terra a grande ideia do livre-comércio, joga por terra a grande ideia do fortalecimento do multilateralismo e joga por terra, muitas vezes, o respeito à soberania dos países que temos que ter.”
Enquanto fazia críticas ao modelo protecionista dos EUA, Lula não fez qualquer menção ao fato de o Brasil acumular um déficit significativo com a Rússia. Mesmo com a balança comercial desfavorável e com episódios recentes de restrições russas a produtos brasileiros, como a carne, o presidente não demonstrou preocupação ou cobrou reciprocidade de Putin.
A retórica contra Trump ganha ainda mais contraste quando se observa que as tarifas adotadas pelo presidente americano tinham como objetivo equilibrar o comércio com países como a China — algo que Lula parece desconsiderar ao lidar com o Kremlin. No caso russo, o Brasil segue importando volumes massivos de combustíveis e fertilizantes, enquanto exporta majoritariamente produtos agrícolas de menor valor.
Em vez de buscar equilíbrio na relação, Lula falou sobre expandir a cooperação bilateral e até mesmo sugeriu parcerias na área de energia nuclear. A aproximação com Moscou se intensifica, apesar de o país estar isolado internacionalmente devido à guerra na Ucrânia.
“Essa minha visita aqui é para estreitar e refazer, com muito mais força, a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, interesses comerciais, interesses culturais, interesses científico-tecnológicos com a Rússia.
Por seu lado, a Rússia deve ter muitos interesses com o Brasil.”
O discurso de Lula, que se diz defensor da soberania e da paz, contrasta com suas ações práticas, que incluem aparições ao lado de ditadores e omissões diante de agressões econômicas ao Brasil. Diferente de Trump, que agiu com firmeza para defender a indústria e os empregos americanos, o presidente brasileiro adota um tom brando diante de parceiros que pouco beneficiam o país.
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