Emboscada promovida por membros da torcida organizada em outubro de 2024 resultou na morte de José Victor dos Santos e feriu outros 17. Sentença destaca responsabilidade civil e caráter pedagógico da decisão.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
A Justiça de São Paulo condenou a torcida organizada Grêmio Recreativo e Cultural Torcida Mancha Alviverde, conhecida como Mancha Verde, ao pagamento de R$ 1 milhão em indenização por danos morais ao pai de José Victor dos Santos, torcedor do Cruzeiro morto em outubro de 2024, durante uma emboscada promovida por integrantes da torcida.
O episódio ocorreu em 29 de outubro de 2024, na Rodovia Fernão Dias, próximo ao município de Mairiporã (SP). Na ocasião, um grupo identificado como pertencente à Mancha Verde atacou veículos que transportavam torcedores do Cruzeiro, ligados à torcida Máfia Azul.
Além da morte de José Victor, outros 17 torcedores ficaram feridos. Segundo os autos do processo, os agressores usaram violência física e chegaram a incendiar um ônibus.
A ação foi movida pelo pai da vítima. Na decisão, o juiz entendeu que havia provas suficientes para estabelecer o nexo causal entre a conduta da torcida e a morte do jovem. A defesa da Mancha Verde, por sua vez, limitou-se a negar genericamente a participação dos seus membros, sem apresentar contraprovas robustas.
O clube Palmeiras, embora citado no processo, não foi responsabilizado. A Justiça reconheceu que a torcida organizada atua de forma autônoma e não possui vínculo formal com o clube.
A sentença, baseada no Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/2003) e na Lei Geral do Esporte (Lei 14.597/2023), destacou a responsabilidade civil objetiva e solidária das torcidas organizadas pelos danos causados por seus integrantes em deslocamentos relacionados a eventos esportivos.
O juiz destacou ainda o caráter pedagógico da decisão, afirmando que o valor da indenização, R$ 1 milhão, a ser corrigido e acrescido de juros de mora, busca não apenas compensar os familiares da vítima, mas também desencorajar a violência no futebol.
Além da indenização, a Mancha Verde foi condenada ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios. A decisão é de primeira instância e ainda cabe recurso.
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