Justiça condena Juazeirense a pagar pensão até 2060 à viúva de Danilinho, ex-jogador morto durante treino

Foto: Reprodução.
Clube da Bahia é condenado por negligência após morte do atleta durante treino em 2018; pensão, indenizações e ausência de primeiros socorros foram determinantes na sentença.
Por Schirley Passos|GNEWSUSA

A Justiça do Trabalho de Porto Alegre condenou o Juazeirense, clube da Bahia atualmente na Série D, a pagar pensão mensal até abril de 2060 e indenizações à viúva do ex-jogador Danilo Caçador, conhecido como Danilinho, que morreu aos 32 anos após sofrer uma parada cardíaca durante um treino em fevereiro de 2018.

A decisão é da juíza Gloria Mariana da Silva Mota, da 30ª Vara do Trabalho da capital gaúcha, e aponta negligência do clube na prestação de primeiros socorros.

A sentença reconhece que a ausência de estrutura médica adequada e a falta de um desfibrilador contribuíram diretamente para o óbito do atleta.

Entenda a decisão

Segundo a juíza, ficou comprovado que não havia equipe médica completa no local nem equipamentos de emergência. Testemunhas confirmaram que o jogador foi socorrido por colegas de time e levado em um carro comum até o hospital, que ficava a menos de 1 km do estádio Paulo Coelho, em Petrolina (PE), onde ocorreu o episódio.

Com base em laudos periciais e depoimentos, a magistrada estabeleceu as seguintes obrigações ao clube:

  • Pensão mensal à viúva Vonize Dondé, correspondente a 2/3 do salário do jogador (cerca de R$ 5 mil), retroativa a 14 de fevereiro de 2018 e válida até 1º de abril de 2060, data que corresponde à expectativa de vida de um homem segundo o IBGE.

  • Indenização de R$ 96 mil pela ausência de seguro de vida.

  • Indenização de R$ 200 mil por danos morais, materiais e existenciais.

Defesa do clube e recurso

O Juazeirense contesta a competência da Justiça gaúcha, já que a viúva reside no Rio Grande do Sul, e nega responsabilidade direta pela morte, alegando que Danilinho teria omitido uma possível cardiopatia.

No entanto, o clube não apresentou exames médicos que comprovassem qualquer anormalidade pré-existente ou protocolo médico realizado no momento da contratação.

Uma tentativa de acordo foi feita em fevereiro de 2024. O clube ofereceu R$ 100 mil em cinco parcelas, mas a defesa da viúva, representada pela advogada Mariju Maciel, rejeitou a proposta e manteve o pedido de R$ 2 milhões. O Juazeirense informou que vai recorrer da sentença.

Quem foi Danilinho?

Nascido em Bauru (SP), Danilinho atuou por clubes como Atlético-GO, Figueirense, Chapecoense, Remo e Portuguesa Santista, antes de chegar à Juazeirense. Ele mantinha união estável com Vonize desde 2014 e deixou um enteado de 10 anos.

Conclusões da Justiça

A juíza entendeu que, apesar de não haver provas de doença cardíaca pré-existente, a negligência nos primeiros socorros e na estrutura médica foi decisiva para o desfecho fatal.

A responsabilidade da Juazeirense foi fixada em 50%, considerando possíveis fatores individuais, mas mantendo o clube como corresponsável direto. A decisão ainda cabe recurso.

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