Árabes aplaudem Israel em silêncio enquanto Brasil defende o Irã

Enquanto monarquias do Golfo evitam criticar ofensiva israelense, o governo brasileiro se isola ao condenar quem enfrenta a ameaça iraniana.

Por Gilvania Alves|GNEWSUSA

Em meio à tensão crescente no Oriente Médio, o silêncio de potências árabes diante do recente bombardeio israelense em solo iraniano escancarou uma nova lógica regional: conter Teerã passou a ser mais urgente do que alimentar antigas rivalidades com Israel.

Dessa vez, o ataque coordenado em pontos sensíveis do programa nuclear iraniano — incluindo Natanz, Fordow e Isfahan — foi executado sem hesitação, surpreendendo até mesmo analistas ocidentais. Não menos surpreendente foi o fato de países como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Catar, Jordânia e Egito optarem por não emitir sequer uma nota de repúdio, comportamento que, para muitos especialistas, revela uma aprovação disfarçada.

“O substrato diplomático para essa mudança paradigmática pode ser encontrado nos Acordos de Abraão, assinados a partir de setembro de 2020, e envolvendo Israel, Emirados Árabes, Bahrein e Marrocos.”

Para essas nações de maioria sunita, um Irã nuclearizado representa uma ameaça existencial, muito maior que qualquer disputa histórica com o Estado judeu. Durante décadas, Teerã alimentou conflitos indiretos no Líbano, Iêmen, Síria e Iraque, fortalecendo milícias radicais e desestabilizando governos locais. Esse histórico de expansionismo xiita é o que une, ainda que sem holofotes, interesses árabes e israelenses.

Hoje, essa cooperação se estende além de reuniões discretas. Companhias de tecnologia e defesa de Israel e Emirados Árabes desenvolvem sistemas conjuntos de cibersegurança, inteligência e mísseis de precisão. Cada operação de Tel Aviv contra instalações iranianas é vista, nos bastidores, como um recado de que o regime dos aiatolás não terá carta branca.

“O Oriente Médio de hoje está longe da solidariedade pan-árabe de outrora.”

Em contraste, o governo brasileiro preferiu uma postura isolada ao condenar publicamente a ação de Israel. Ignorou a dinâmica real da região, optando por criticar quem, de fato, enfrenta o maior fomentador de terror e instabilidade no Oriente Médio.

“Seria oportuno que o Parlamento brasileiro, por meio de suas Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional – CREDEN, na Câmara dos Deputados, e CRE, no Senado Federal – em sua função de guardião dos interesses estratégicos do país, avaliasse a fundo essa deformação na política externa e considerasse mecanismos de pressão legislativa, como a obstrução da pauta (‘sine die’) em temas relevantes, como a sabatina de embaixadores, para sinalizar a necessidade de o Poder Executivo reorientar seu curso para um caminho menos destrutivo para a imagem, influência e interesses do Brasil no cenário global e mais alinhado com a realpolitik que emerge do próprio teatro de operações.”

Para quem acompanha de perto as movimentações diplomáticas, não restam dúvidas: o recado silencioso de monarquias árabes aplaudindo Israel, sem dizer uma palavra, mostra quem entende a ameaça real e quem insiste em gestos políticos fora de sintonia com o jogo de poder que define a região.

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