Brasileiros nos EUA sofrem golpe do Instituto Brasil U.S.A Internacional: prejuízo ultrapassa R$ 640 mil

Isabel Gontijo e David Gelton Gontijo, proprietários da empresa IBU. Imagem: Reprodução/ Arquivo Pessoal.

Brasileiros são alvo de golpe ao buscar licenças de trabalho nos EUA, revela investigação sobre o Instituto Brasil U.S.A Internacional.

Por Redação/GNEWSUSA 

Uma investigação liderada pelo repórter investigativo Thathyanno Desa, CEO do jornal GnewsUSA e da GN USA WEBTV, em parceria com o Brazilian Times, trouxe à tona um esquema fraudulento associado ao Instituto Brasil U.S.A Internacional (IBU), sediado em Nashua, New Hampshire. A empresa oferecia uma gama de serviços destinados a auxiliar brasileiros imigrantes nos EUA, incluindo suporte na obtenção de documentação necessária para viver e trabalhar legalmente no país, bem como a validação de diplomas e certificados obtidos no Brasil para exercerem suas profissões nos Estados Unidos.

No entanto, a investigação revelou que o IBU estava envolvido em diversas irregularidades na emissão dessas documentações. Os certificados e diplomas fornecidos pela instituição não possuíam valor legal, resultando em várias vítimas sendo ludibriadas e pagando quantias exorbitantes por serviços fraudulentos. Treze dessas vítimas foram entrevistadas durante a investigação, revelando um esquema que incluía a cobrança de valores elevados para a obtenção de licenças de trabalho nos EUA, como o Social Security, por parte de brasileiros graduados em busca de oportunidades de emprego no país.

No total, os entrevistados relataram ter desembolsado cerca de U$ 126.740 dólares, o equivalente a R$ 642.977,37, para o IBU.

A empresa era gerida por Isabel Gontijo e seu companheiro, um indivíduo que se identificava como David Gelton Gontijo. Contudo, durante as investigações, o repórter Thattyanno revelou que essa identidade era falsa, sendo seu verdadeiro nome Gelton Ferreira Gontijo. Ambos são brasileiros e possuem cidadania americana, além de um visto de permanência nos EUA.

Segundo relatos, eles empregavam táticas enganosas para atrair clientes, apresentando-se como profissionais em diversas áreas, como advogados especializados em imigração, psicanalistas, médicos, esteticistas e cosmetologistas, ostentando falsos títulos de mestrado e PhD em neurociência.

As vítimas, além de enfrentarem prejuízos financeiros significativos, relataram terem recebido ameaças após solicitar reembolso e questionar a autenticidade dos documentos fornecidos pela empresa fraudulenta. Adicionalmente, foram convocadas pelo Board License, órgão responsável por analisar, conceder e validar certificados profissionais, devido às irregularidades constatadas. Como resultado, algumas dessas vítimas perderam suas licenças para trabalhar, o que acarretou a perda de importantes contratos de trabalho. Um dos entrevistados compartilhou sua experiência: “Não demorou um mês e já estava recebendo correspondências acusatórias em envelopes grandes, alegando fraude e uso de documentos falsos… Até enviaram cópias desses documentos. As cartas da diretoria começaram a chegar em agosto de 2023.”

Outra vítima, em seu depoimento, relatou: “O pessoal que aplicou foi chamado para depor no Board lá em New Hampshire. Chegaram lá, mostraram a documentação e não havia nada dos documentos que o pessoal tinha enviado; era tudo falso. Aí falaram com nós, que eles não estavam usando nossos documentos, e sim falsificando tudo e fazendo coisas erradas com nosso nome.”

Murilo, também vítima do mesmo golpe e com formação em eletrotécnica no Brasil, tomou conhecimento de que o IBU estava validando licenças de trabalho. Ele relatou que o casal Gontijo agendou uma reunião para que ele apresentasse seus certificados do Brasil a fim de iniciar o processo de validação. Durante o encontro, foi solicitado que ele levasse 7 mil dólares em espécie para iniciar os trâmites. O eletricista compareceu ao escritório do casal em New Hampshire e providenciou tudo o que havia sido solicitado.

Após algum tempo, ele recebeu uma carta do Board License, convocando-o para uma reunião. Questionados sobre essa reunião, o casal instruiu-o a não comparecer, pois não sabiam exatamente do que se tratava, dizendo-lhe que não precisava se preocupar e que o processo estava avançando para a emissão das licenças de eletricista.

Segundo Murilo, Isabel se apresentava como psicóloga, enquanto Gelton se fazia passar por Dr. David. Gelton ofereceu um curso de autoajuda e afirmou realizar processos de imigração. Ele revelou à vítima que planejava obter credenciamento para 15 certificados médicos brasileiros nos EUA, visando lucrar cerca de 1 milhão com isso.

Carlos, um engenheiro eletricista, relatou que foi apresentado ao casal Gontijo por um amigo. Ele afirma ter desembolsado a quantia de 7.500 dólares para adquirir a licença básica de eletricista.

“Depois que pagamos, eles foram para o Brasil, falaram que estava tudo resolvido, que podíamos deixar por conta deles, que iria ficar pronto rapidamente, mas recebemos uma carta falando que havia algo errado na nossa aplicação, que nós tínhamos que participar de uma reunião… Nós entramos em contato com eles (Gelton e Isabel), que disseram que não era para nós participarmos da reunião, que eles iam resolver, que deveria ter sido alguma denúncia que alguém tinha feito, e depois disso, nunca mais apareceram.”

Prints de conversas no whatsapp entre uma das vítimas e a empresa IBU.

Segundo Carlos, a comunicação com a empresa se tornou mais complicada depois disso: “Nós conseguíamos entrar em contato com eles esporadicamente, só pelo WhatsApp. Eles sempre falavam que até o final do mês, em 30 dias, iriam estar de volta e resolver tudo, sempre nos enrolando e sempre postergando as datas, até que nos bloquearam e pararam de conversar conosco.”

Ele ainda compartilhou sua frustração ao descobrir que os documentos que a empresa prometia fornecer eram falsificados. “É complicado, porque todos nós somos profissionais certificados no Brasil, mas aqui não conseguimos trabalhar com nossa certificação. Então, precisamos obter a licença daqui, e eles prometeram que conseguiriam com nossos documentos traduzidos, nosso CREA, registro de tempo de trabalho, convenceram todo mundo com esse discurso, e nós acreditamos e aplicamos. Depois descobrimos que na verdade, eles falsificavam certificados escolares, horas trabalhadas, falsificavam tudo e aplicavam, até mesmo falsificavam licenças de New Hampshire para Massachusetts e vice-versa, era tudo falsificado, eles não usavam nada do que tínhamos.”

Outra vítima, uma manicure, alega que sofreu um prejuízo de 2 mil dólares e também expressou sua frustração, afirmando que o casal não só causou danos financeiros, mas também se passaram por psicólogos profissionais: “Abri minha vida com eles em consultas, estou arrasada material e psicologicamente”.

Rafael, um eletricista brasileiro de 37 anos que vive nos EUA há oito anos, compartilhou sua experiência. Ele conheceu a empresa por meio das redes sociais, como Instagram e Facebook, e acabou perdendo $10,750 dólares em pagamentos por licenças de eletricista. Suas palavras foram: “Sinceramente, espero que as autoridades competentes os peguem e os façam pagar por tudo que fizeram conosco… porque só nós sabemos o quanto trabalhamos para ganhar esse dinheiro, e eles simplesmente o pegaram e desapareceram… Também espero que todos recebam seu dinheiro de volta”.

Michel, um eletricista de 35 anos que reside nos EUA há 3 anos, relatou que descobriu a empresa IBU por meio de amigos e desembolsou 7 mil dólares para tradução de documentos e validação de sua formação e experiência na área. Ele relata: “Na cláusula do nosso contrato estava especificado que, caso não resolvessem em 90 dias, eles deveriam devolver todo o valor. Já se passou quase um ano desde o início desse processo, e eles não responderam. Bloqueiam nossas tentativas de contato, excluíram-nos do WhatsApp e do Instagram, e até ameaçaram pessoas que tentaram contatá-los. A última informação que temos é que estão morando no Brasil e que a casa que possuíam em New Hampshire está atualmente alugada.”

Na imagem, à esquerda está Michel, uma das vítimas, e à direita está Gelton, durante a entrega de um certificado falso.

Mônica, uma esteticista, inicialmente solicitada a desembolsar $8 mil dólares para validar seu diploma, viu-se envolvida no esquema fraudulento do IBU. Ela já havia pago $2,300 dólares quando percebeu a fraude, enquanto seu esposo, Charles, contribuiu com $12 mil dólares. Ao descobrir a fraude, ela tentou entrar em contato com os proprietários do instituto, mas foi bloqueada em todas as redes sociais. Com esperança de recuperar seu dinheiro, ela expressou, “Espero receber meu dinheiro e que eles sejam presos”.

Comprovante de pagamento de uma das vítimas à empresa.

 

Charles manifestou esperança por justiça através da divulgação das denúncias pelo jornal: “Creio que o maior desejo do grupo é que essa reportagem ganhe proporções e alcance outras pessoas que foram vítimas também, para que estas possam procurar seus direitos e a justiça. Em relação aos donos da IBU, nosso maior desejo é que o FBI inclua o nome deles na lista da Interpol e que sejam pegos e respondam por tudo que nos fizeram e a outras pessoas. Como também esperamos o ressarcimento do nosso dinheiro”.

Após as denúncias, a empresa teve seu nome alterado para International Immigration, havendo suspeitas de que o casal tenha retornado ao Brasil com a intenção de escapar de possíveis consequências judiciais nos EUA.

Confira as fotos capturadas  do Instagram e do novo site oficial da empresa.

O repórter investigativo Thathyanno Desa fez contato com Gelton, proprietário da empresa IBU pelo WhatsApp, solicitando esclarecimentos e proporcionando-lhe a oportunidade de se manifestar. Abaixo está o print da resposta dele no WhatsApp.

Thathyanno Desa entrou em contato com o Dr. Bruno D’Britto, encarregado deste assunto, que afirmou estar dedicado a oferecer todo o suporte às vítimas. Ele colabora com a ONG New Hampshire Brazilian Council, situada no endereço One Tara Boulevard, Suite 200, Nashua, NH 03062. e pode ser contatado pelo telefone 603-318-2639.

Se você tem mais informações ou deseja fazer denúncias relacionadas a este caso, entre em contato com a redação pelo número de telefone do WhatsApp: 1617-970-8850.

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